O ministro Antonio Palocci (Casa Civil) disse nesta sexta-feira em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que não atuou no governo em favor das empresas para as quais prestou consultoria.
Segundo ele, os negócios feitos pela Projeto entre 2006 e 2010, período em que o ministro possuía mandato como deputado federal, eram apenas relacionados a empresas privadas.
"Não fiz tráfico de influência, não fiz atuação junto a empresas públicas representando empresas privadas", disse o ministro na entrevista levada ao ar na noite de hoje. "Quero que as pessoas tenham boa fé, que escutem as explicações, que vejam as informações nos órgãos públicos".
Reportagem da Folha do dia 15 de maio revelou que o patrimônio de Palocci cresceu 20 vezes nos últimos quatro anos, depois que o ministro fundou a empresa de consultoria Projeto. No período, Palocci comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil
Sobre o faturamento de sua empresa ter alcançado a cifra de R$ 20 milhões no ano passado, quando chefiou a campanha de Dilma Rousseff à Presidência e acumulou seus negócios como consultor com o exercício do mandato de deputado federal, o ministro foi enfático ao negar que tenha recebido dinheiro de políticos."Não existe nenhum centavo que se refira à política ou à campanha eleitoral. Nenhum centavo."
O ministro também voltou a afirmar que não deve revelar publicamente os clientes de sua consultoria. "Acho que não tenho o direito de fazer a divulgação de terceiros". disse. Porém, ao ser questionado se o fato de esconder o nome deixaria interpretações de que as empresas o procuraram por possíveis favores futuros, o ministro afirmou que "nenhuma informação de sua empresa é secreta".
"Não estou dizendo que não darei informações aos órgãos de controle. Estou dizendo o contrário. Todas as informações tributárias já estão nos órgãos de controle. E todas as demais informações serão prestadas à Procuradoria Geral da República. Portanto, toda a vida da minha empresa estará disponível para os órgãos de controle."
Ele ainda negou que haja uma crise no governo por conta das suspeitas envolvendo seu nome. "É uma questão dirigida à minha pessoa. Com forte conteúdo político", disse.
PRESSÃO
Nos últimos dias, a pressão para que Palocci falasse publicamente sobre o assunto havia aumentado, tanto entre opositores quanto entre aliados do governo. Um requerimento em que o ministro é convocado a dar explicações sobre o seu patrimônio na Comissão de Agricultura da Câmara chegou a ser aprovada na última quarta-feira (1º).
A medida, no entanto, foi suspensa pelo presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), que pediu para analisar o vídeo da comissão, as notas taquigráficas e todos os demais registros, além de ouvir o presidente da comissão. A decisão final sobre o assunto será anunciada na sessão da próxima terça-feira (7).
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também pediu explicações ao ministro no último dia 20, baseado nas representações apresentadas pelos partidos de oposição ao governo.
A partir da resposta de Palocci, Gurgel tomará a decisão de abrir ou não investigação para apurar indícios de enriquecimento ilícito, tráfico de influência, improbidade administrativa e prevaricação.
Folha Online