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Padre revela nojo por políticos da Paraíba por causa de fome no sertão

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O pároco de Santa Cruz, no sertão paraibano, Djacy Brasileiro, encaminhou à imprensa nesta Sexta-feira Santa, 2 de abril, uma carta contendo um desabafo. O padre conta, na correspondência, seu sentimento de revolta ao encontrar uma mãe de família, moradora da zona rural de Santa Cruz, e ouvir dela que o desespero era tão grande por passar fome junto aos filhos que sua vontade era de morrer.

Diante da angústia da mãe, o pároco fez uma reflexão a respeito do papel dos políticos da Paraíba e disse que a realidade dos que padecem é radicalmente diferente da vivenciada por detentores de mandato ou aspirantes a cargos públicos.

Leia a íntegra da carta do padre Djacy Brasileiro:

TENHO VONTADE DE MORRER
 
Foi ontem, na minha paróquia, visitando famílias na zona rural, que para minha surpresa e emoção de pastor, ouvi, bem pertinho de mim, estas tétricas palavras de uma mãe machucada pela dor do sofrimento: “padre Djacy, às vezes tenho vontade de morrer, de sumir”. Enquanto isso, as lágrimas teimosas banhavam seu rosto envelhecido não pela idade, mas pela cruz pesada do sofrimento do dia a dia.

No sertão é assim. O sofrimento causado pela fome é uma realidade constante. Sensacionalismo? Querer aparecer-me, como dizem alguns? Que nada! Não falo porque ouvi dizer, mas porque, na condição de pastor, vejo de perto esse drama vivido por tantas famílias sertanejas. Como é triste, então, presenciar cenas assim. Meu coração de sacerdote estremece não de emoção, de pena, mas de revolta. Pois, enquanto, os filhos de Deus padecem as mais horrendas tribulações, nossos ditos políticos estão brigando com unhas e dentes. Brigando na defesa da vida do povo? Não! Brigando pelo o poder. O povo é somente um detalhe.

Na manhã do sábado passado, dia 27, senti uma revolta tremenda. Parecia que meu coração iria sair pela boca. Revolta? Sim, revolta! Conversando com algumas mães, no interior de certa casa, uma delas disparou serenamente: “padre Djacy, tenho vontade de morrer…” e perguntei para aquela mãe sofrida por que motivo e ela, com a voz embargada, dizia-me: “padre, é tão triste não ter o que dar para meus filhos; é triste amanhecer e saber que nada teremos para comer. – “Como mãe, seu padre, isso é doloroso, pois só quem passa por isso, é quem sabe o sofrimento”. Nessa hora, tive ,repito, nojo, ojeriza, pavor à classe política desta Paraíba, que não briga na defesa da dignidade do povo, mas somente visando  o poder com suas estrondosas mordomias,regalias….e diabo a quatro.

Enquadremos essa realidade supracitada, no contexto da semana santa, e assim, podemos tirar nítidas conclusões cristãs: fé e política têm tudo a ver. Assino embaixo!

Estamos na semana santa. Tempo forte. Tempo para nós refletirmos sobre a paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, o Libertador. Nessa reflexão cristã, podemos pensar: por que Jesus fora assassinado? Quais as causas? Por que disseram: matemos esse homem, pois ele é um agitador? Quem o matou? Por que Jesus dissera: Eu vim para que todos tenham vida? E também: bem aventurados os que passam fome, os pacíficos (amansados), os perseguidos por causa da justiça? Foi uma morte alheatória, sem causa, sem sentido? Qual era o contexto histórico, quando Cristo defendia  os pobres,os excluídos,os deserdados da vida? Cristo posicionara-se na contra mão do poder por acaso? Chamara o governador Herodes de raposa. Por quê? E por que Jesus olhando para aquela multidão faminta, marginalizada, sem nenhuma perspectiva de vida, falara: tenho pena deste povo, pois é como ovelhas sem pastor (sem lideranças)? 

Uma coisa é certa: mataram a Jesus de Nazaré porque ele foi de encontro a um sistema político-religioso opressor, excludente… E o seu grito estridente na cruz meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes continua ecoando na boca de milhares de sertanejos, que, pungentemente, clamam por pão, por água, por ponte, por emprego, por segurança, por saúde, por vida, por dignidade. Esse grito clamoroso do profeta da Galiléia (a Galiléia, no tempo de Jesus, era como se fosse o Nordeste. Uma região extremamente pobre, miserável. É lá, que Cristo vive o seu ministério profético. E a cidade de Nazaré, cidade de Jesus, está inserida nessa região. Uma região discriminada. É tanto que há essa cínica pergunta: “de Nazaré pode vir alguma coisa boa”? Era com relação a Jesus, o nazareno) é o grito dessa mãe sertaneja ,que chorando, dizia-me: “padre, tenho vontade de morrer”.

Enquanto Jesus continua a morrer na pessoa de cada irmão que passa fome, que vive na miséria, nossos santos e heróicos políticos (com exceção) estão aí, nos chiques restaurantes, ou na praia, em suas mansões, tomando wisque importado, discutindo conchavos políticos, como ganhar as eleições, como será seu marketing político eleitoral, e como conquistar o voto dos miseráveis. Menos o meu. Claro!

-Tenho vontade de morrer! Disse uma pobre mãe.

-Meu Deus, meu Deus por que me abandonastes? Gritara Jesus no alto da cruz.

De um lado, uma mãe chorando, implorando clemência, de outro, o Filho de Deus, sendo assassinado por colocar-se contra os poderosos prepotentes e arrogantes, que massacravam os pobrezinhos de Javé.

Para uma boa reflexão nesta semana santa, ouça, com o coração voltado para o cristo crucificado, e essa pobre mãe, a música: Pai nosso dos Mártires (veja no you tube).

Padre Djacy Brasileiro

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