Cláudia Carvalho

Cláudia Carvalho é editora e diretora do ParlamentoPB, jornalista e radialista, mestre em Jornalismo Profissional pela UFPB
Cláudia Carvalho

Os depoimentos dos conservadores e o autismo de Pâmela

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A Polícia Federal mandou ontem ao STF um relatório com o resultado das oitivas de políticos paraibanos de extrema-direita sobre os atos de 8 de janeiro. Foram ouvidos o radialista Nilvan Ferreira, o deputado estadual Walber Virgolino, o federal Cabo Gilberto, a vereadora Eliza Virgínia e a jornalista e suplente de deputada federal Pâmela Bório.

Agora, o Ministro Relator, Alexandre de Moraes, deve determinar que a Procuradoria da República se pronuncie, e depois disso vai decidir se denuncia criminalmente os investigados.

A representação criminal contra os paraibanos, assinada pelo advogado Olímpio Rocha, foi protocolada pelo PSOL da Paraíba junto ao STF.

Em comum, o que os depoimentos têm é a negativa de participação na invasão aos prédios do STF, Congresso e Palácio do Planalto. Igualmente, todos negaram que tivessem contribuído de alguma forma para a realização dos atos do dia 8 de janeiro. Somente o Cabo Gilberto é que não falou nada. Ele preferiu manter o silêncio.

Nilvan Ferreira disse que passou a tarde do dia 8 num restaurante e que apenas comentou o episódio porque não sabia que era uma invasão aos prédios. No depoimento, ele disse que pensou que era apenas um protesto.

Eliza Virgínia, por sua vez, afirmou que não teve contato com as pessoas que estavam em frente aos quarteis e que publicou videos sobre a invasão do dia 8 apenas para informar a seus seguidores sobre o que estava acontecendo. Acrescentou que preferiu se resguardar porque sabia desde a eleição de Lula que coisas ruins poderiam acontecer.

O terceiro a depor foi Wallber Virgolino. Ele disse que estava de férias no dia dos atos extremistas, negou que tivesse publicado um post alertando que a invasão do dia 8 de janeiro era a primeira de muitas que poderiam acontecer e também negou que tenha financiado qualquer atividade golpista.

Mas, o depoimento mais surpreendente foi o da jornalista Pâmela Bório. Ela também negou que tenha participado da invasão aos prédios públicos e disse que foi a Brasília em um ônibus fretado pelo qual pagou 400 reais pela passagem dela e do filho. Pâmela sustentou que foi à Praça dos Três Poderes sozinha, mas havia um vídeo publicado por ela própria que mostrava o adolescente em meio a uma movimentação de manifestantes vestidos de verde e amarelo. O advogado da jornalista, Newton Ferreira, interrompeu o depoimento dela para dizer que Pâmela foi diagnosticada como portadora do transtorno do espectro autista e que isso pode comprometer a percepção dela do tempo, espaço e até da realidade.

Cabo Gilberto decidiu exercer o direito de ficar calado e apenas assinou o termo de depoimento sem abrir a boca.

Os depoimentos não acrescentam nada à denúncia feita pelo PSOL contra os políticos ultra-conservadores da Paraíba. Alguns, claramente, não reproduzem a verdade hoje tão simples de ser captada nas próprias redes sociais dos políticos. Provas do entusiasmo com os atos do dia 8 de janeiro existem. O que não consta ainda são provas de que eles tenham feito mais do que isso. Todos negaram ter financiado ou ajudado materialmente a execução da invasão aos prédios públicos.

Em outros tempos e sob outra batuta, esse caso passaria em brancas nuvens. Mas, o ministro Alexandre de Moraes tem uma especial predileção por quem ataca o judiciário e a ele mesmo, tantas vezes chamado de Xandão ou Cabeça de Ovo pelos nossos conterrâneos conservadores. Sendo assim, o peso de sua caneta pode ser mais vigoroso.

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