Entre 1997 e 1999 morei no Amapá. Foi nesse intervalo de tempo, mas não me recordo bem da data, que conheci pessoalmente o jornalista e professor Boanerges Lopes. Ele estava na capital, Macapá, para uma capacitação oferecida pela Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj).
Boanerges é autor do livro “O que é Assessoria de Imprensa”, lançado pela editora Brasiliense como parte da coleção Primeiros Passos. O livro foi publicado em 1994 e, até hoje, mesmo com tanta evolução na área da comunicação social, ainda traz muitas informações atuais. Deparei-me com a edição que tenho em casa ao limpar minha estante no fim de semana passado. Como é um livro pequeno, no formato e quantidade de páginas, terminei dando uma nova lida rápida na obra.
Enquanto relia a publicação, comecei a pensar em como os jornalistas que atuam em assessoria de comunicação precisam, continuamente, ensinar o be-a-bá às fontes. A maioria desconhece coisas básicas que para nós, jornalistas, é trivial: desde os jargões adotados nas redações (lead, deadline, escalada, sonora) até a regra simples de não pedir ao repórter para ver a matéria antes da publicação.
Em um dos capítulos de “O que é Assessoria de Imprensa”, Boanerges apresenta um apanhado de dicas que toda fonte precisa saber. A maioria das orientações são básicas, mas essenciais para quem precisa manter contato com a mídia e “… se forem utilizadas, vão evitar gafes e falhas primárias”, acredita o autor, que atualmente é professor titular da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Confira algumas dicas:
Os (as) jornalistas sempre estão apressados (as) porque um jornal diário é feito em 12 horas, uma revista semanal em quatro dias, um noticiário de rádio ou tevê em poucas horas (e a atualização da plataforma on-line, em tempo real). O que é interessante hoje, pode ser considerada peça de museu amanhã. Para atender a imprensa, a fonte precisa ter flexibilidade em sua agenda;
Esteja sempre muito bem informado sobre o tema a ser tratado durante a entrevista. Seja bem claro em suas respostas, evitando termos técnicos e jargões. A objetividade também é fundamental. As pessoas de modo geral e o profissional de imprensa não são obrigados a entender do assunto. O especialista é você. Seja simples e natural, porém preciso;
“Não sei”, “eu acho”, “talvez” ou “pode ser” estão fora de cogitação. Expressões abolidas de qualquer pronunciamento. Responda sempre todas as perguntas e se tiver dúvida sobre algo deixe isso claro ao (à) jornalista. Peça mais um tempo e vá em busca de resposta. Ele entenderá. Não somos obrigados a saber de tudo. Mas também não podemos deixar de responder;
Preste bem atenção às perguntas. Se houver dificuldade para entende-las, peça ao (à) jornalista que as reformule. Não deixe margem a interpretações dúbias;
Atenção quando utilizar a informação em off the record ou simplesmente off — informação em que a fonte não é identificada. O interessante seria evitá-la. Mas nos casos inevitáveis, avalie se o (a) jornalista é um profissional ético (a) e vai respeitá-lo (a). É uma prática comum em outros países, mas no Brasil ainda é utilizada sem critérios ou consciência em muitas oportunidades;
Jamais exija de seu (sua) assessor (a) de imprensa a cobrança pela publicação de matérias. Isso é extremamente desagradável e interfere na rotina de liberdade e autonomia do profissional de imprensa.
Enfim, todo o livro de Boanerges tem dicas úteis, que ajudam quem é fonte iniciante e quem só agora, na área da comunicação, deixou de ser estilingue e virou vidraça, passando a atuar com assessoria de imprensa. Ao procurar na internet, você encontra o livro a partir de R$ 4, usado. #ficadica