Notícias de João Pessoa, paraíba, Brasil

Opinião: Por facetas decoloniais do feminismo

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Dando continuidade à série de artigos publicados neste mês em homenagem ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Iasmin Soares (produtora de conteúdo para as redes sociais, ativista, feminista interseccional, estudante de jornalismo e pesquisadora de afetividade e sexualidade de mulheres negras) aborda as facetas decoloniais do feminismo. No texto, ela busca descolonizar os pensamentos eurocêntricos. Confira:

Por facetas decoloniais do feminismo

Esta semana, trato de novas perspectivas de lutas das mulheres. Outras visões que não são eurocêntricas e liberais. Mas, para começar vou relembrar alguns conceitos que já trouxe aqui nesta coluna sobre mulheres e feminismo. Contei para vocês que a luta pelos direitos femininos vem de muito longe, não foi com o movimento das sufragistas que as mulheres começaram a questionar a estrutura patriarcal. Mulheres indígenas de diversos continentes lutaram junto do seu povo para barrar a colonização e para que os seus corpos não fossem violados pelos europeus colonizadores. A luta das mulheres não brancas, com deficiência, lésbicas, bissexuais, trans e pobres vem de muito longe.

Hoje resolvi trazer para vocês algumas vertentes do feminismo que são mais amplas. Essas vertentes são decoloniais, ou seja, que buscam descolonizar os pensamentos eurocêntricos e partem de uma perspectiva de pessoas não brancas.

A primeira delas é o feminismo interseccional. Mas o que é isso? Essa vertente foi criada oficialmente nos Estados Unidos. Em 1991, em uma pesquisa, a autora kimberlé Williams usou esse termo pela primeira vez. Para entender o feminismo interseccional vamos imaginar uma mulher, ela é negra, pobre e trans. Cada uma dessas categorias são ruas secundárias e a pessoa é a rua principal, e todas as ruas secundárias se cruzam na rua principal. Então, uma mulher negra, trans e pobre não pode ser só uma mulher trans. Ela é uma junção de todos esses fatores.

Para a interseccionalidade uma categoria de opressão não importa mais que a outra, todas são importantes e não devem ser tratadas individualmente. O feminismo interseccional precisa pensar a partir das margens para que as condições de vida sejam dignas para quem ocupa esse lugar e para todes da sociedade.

Outra vertente que nos últimos anos vem sendo pautada é o feminismo comunitário. Como o próprio nome sugere, é uma perspectiva de luta coletiva, construída por comunidades inteiras. Para a queda do patriarcado, não é só as mulheres que devem lutar, essa luta é de todes. O patriarcado é prejudicial para toda população e ele é contra os princípios de bem viver estabelecidos pelo feminismo comunitário.

Umas das feministas comunitárias mais conhecida é a Julieta Paredes, indígena de origem aimará, faz parte da Assembleia Feminista Comunitária de La Paz (Bolívia) e da organização Mulheres Criando Comunidade, que se definem como aquelas que em 1990, na Bolívia, sonharam com um feminismo que destruísse o patriarcado e construísse o Bem Viver para as mulheres e homens do seu povo. O feminismo comunitário é construído nas ruas, aldeias, favelas, sítios e em todo lugar que haja organização de comunidades para o bem estar e a derrubada do patriarcado e do colonialismo.

Uma terceira vertente que trago é o feminismo asiático. Aqui no Brasil esse tema ainda é pouco discutido, foi só em 2016 que surgiu o coletivo Lotus feminista, um dos primeiros a pautar o feminismo em uma perpectiva das mulheres asiaticas. O feminismo asiático pauta tanto mulheres marrons (indianas e do oriente médio), como mulheres amarelas ( japonesas, chinesas e coreanas), e discutem questões de gênero atreladas ao racismo. Umas das principais pautas é a erotização dessas mulheres e o preconceito etnico e racial.

Percebam que o feminismo é muito plural e abrange muitas pessoas. Se no passado mulheres não brancas não eram pautadas, hoje elas são protagonistas das suas próprias vertentes e lutas. Eu sou porque nós somos. A luta é coletiva e não individual, juntas e com pluralidade podemos muito mais.

Tags

Leia tudo sobre o tema e siga

MAIS LIDAS

Operação da PF apura fraudes em financiamentos no Pronaf

Morre em João Pessoa o empresário Manoel Bezerra, dono das pousadas Bandeirantes

Juiz determina continuidade do concurso de Bayeux, suspenso desde 2021

Anteriores

17115638376604643d0d721_1711563837_3x2_lg

Confiante em soltura, Robinho diz que passará a Páscoa em casa, segundo agentes

joaocampina

Montadora e Centro de Distribuição garantem investimentos de R$ 100 milhões e geração de 500 empregos em Campina Grande

unnamed-2-3

Luiz Couto declara apoio à pré-candidatura de Luciano Cartaxo em João Pessoa

ilamiltonsimplicio

Médico é preso em Piancó por agredir ex-esposa ao sair de audiência de divórcio

pagamentos1

Creci-PB: Prazo para pagar anuidade 2024 pelo valor original termina domingo

Luciano Cartaxo 2

Cartaxo diz que PT abre diálogo para candidatura  com perspectiva de vitória

Ruy, Vené, Efraim e Pedro no evento de apoio a Ruy

MDB e União Brasil Oficializam apoio a pré-candidatura de Ruy Carneiro em JP

Mãe de santo denuncia racismo religioso

MP notifica Uber após denúncia de racismo religioso praticado por motorista contra mãe de santo

renangiucelia (1)

Parceria entre CREA-PB e Mútua gera benefícios aos profissionais

Cida Ramos

Cida diz que está tranquila com fim de prévia e que está firme como única pré-candidata do PT