Num novo artigo publicado neste domingo, 29, no ParlamentoPB, a jornalista paraibana Patrícia Albuquerque defende uma tese polêmica. Para ela, as eleições presidenciais deveriam ter apenas a opção de duas teclas para que os brasileiros escolhessem entre a democracia e a “fascistização”.
Contundente, Patrícia afirma que “confirma-se que a clareza causa ao presidente e seus asseclas o mesmo mal que a luz causa aos vampiros”.
Confira abaixo a íntegra do artigo de Patrícia Albuquerque.
Este ano, as urnas só deveriam ter dois botões para apertar.
Seria tudo mais claro, mais transparente.
O maior obstáculo desta ideia seria o fato de que clareza e transparência são ingredientes que não fazem parte do bolo favorito do fascista-mor que preside (preside?) nossa nação. A prova disso são os 89 mil reais depositados por Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro (aquela que agora roga de joelhos, em pleno ambiente “de trabalho” [para aqueles que trabalham, claro], para convencer os incautos que a figura divina tem alguma coisa a ver com as relações financeiras obscuras da sua família); a recusa do presidente em mostrar os resultados negativos de todos os exames a que se submeteu para detectar coronavírus (ele jura que deram negativo, mas nunca os tornou públicos); as 127 vezes em que pastores lobistas foram ao MEC e FNDE no governo Bolsonaro, inaugurando o escândalo do balcão de negócios do MEC (e o ex-anti-ministro da Educação, Milton Ribeiro, jura que não tem nada a dizer); a retirada do valor de 90 milhões de reais para comprar tratores e beneficiar aliados políticos – detalhe 1: este montante estava destinado a famílias pobres que sofreram com os graves impactos da pandemia; detalhe 2: os tratores foram adquiridos pelo Ministério da Cidadania sem critérios técnicos e descumprindo determinação do Tribunal de Contas da União – TCU – (e o ex-ministro da Cidadania, João Roma (pré-candidato ao governo da Bahia pelo PL), jura que não houve desvio de finalidade na utilização dos recursos). Bom lembrar, também que, para o seu cartão de vacinação, para o processo administrativo contra o ex-ministro da doença e da morte, Eduardo Pazuello, e para o caso dos pastores que teriam negociado recursos do MEC com prefeitos, o presidente decretou sigilo de 100 anos. Lembram? O bolo favorito dele não contém aqueles ingredientes que mencionei no início deste parágrafo.
Ah, que cabeça a minha, é tanto lixo advindo deste (des) governo que quase esqueço de comentar sobre as suspeitas de irregularidades na compra de caminhões de lixo por parte do governo federal – superfaturamento, compra de veículos acima da necessidade de algumas cidades.
“Um governo sem corrupção”, afirmam os seguidores desta seita que diz “amém” a todas as maluquices, atrocidades e vilanias dos que compõem o atual governo.
Diante de todos esses fatos, e de tantos outros que seriam exaustivos demais para se acomodar neste texto, confirma-se que a clareza causa ao presidente e seus asseclas o mesmo mal que a luz causa aos vampiros.
Que sejam nossos votos, então, holofotes de luz incandescente; armas nobres e potentes que nos conduzam a algum estado de normalidade sobre o qual possamos voltar a plantar sementes de esperança para colher grãos de prosperidade.
Àqueles que apertarão o botão da cor rubra no dia das eleições, confirmando que apoiam a fascistização e almejam fazer visitas a coveiros covardes nos próximos quatro anos, deixo a epígrafe de um dos capítulos do meu atual livro de cabeceira (adoro ser professora de alunos inteligentes que me permitem assaltar suas estantes pululantes de cultura – obrigada por este, Arlete – sempre soube que a leitura de Mia Couto era necessária; agora, tenho certeza).
“Se não creio em Deus?
Lá crer, creio.
Mas, acreditar, eu acredito é no Diabo.”
(Avô Mariano – personagem do romance “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de autoria do moçambicano Mia Couto)
PS: esta epígrafe abre o capítulo 12, cujo título é, não por acaso, o título deste texto: visita ao fazedor de covas;
PS2: para que mais eleitores apertem o botão verde e confirmem que querem viver numa democracia, a esquerda precisa parar de bater cabeça na área. Do contrário, o adversário, ardiloso e fraudulento que é, vai simular falta na área, o juiz (comprado) vai dizer que foi pênalti, e vamos entregar a vitória de mão beijada. Torço para que nem Deus, tampouco o Diabo, queiram um mal desse tamanho para a nossa nação!