
Opinião: Jornalista afirma que urna só deveria dar opções à democracia ou à fascistização
- 29 maio 2022 --
Num novo artigo publicado neste domingo, 29, no ParlamentoPB, a jornalista paraibana Patrícia Albuquerque defende uma tese polêmica. Para ela, as eleições presidenciais deveriam ter apenas a opção de duas teclas para que os brasileiros escolhessem entre a democracia e a “fascistização”.
Contundente, Patrícia afirma que “confirma-se que a clareza causa ao presidente e seus asseclas o mesmo mal que a luz causa aos vampiros”.
Confira abaixo a íntegra do artigo de Patrícia Albuquerque.
Este ano, as urnas só deveriam ter dois botões para apertar.
Seria tudo mais claro, mais transparente.
O maior obstáculo desta ideia seria o fato de que clareza e transparência são ingredientes que não fazem parte do bolo favorito do fascista-mor que preside (preside?) nossa nação. A prova disso são os 89 mil reais depositados por Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro (aquela que agora roga de joelhos, em pleno ambiente “de trabalho” [para aqueles que trabalham, claro], para convencer os incautos que a figura divina tem alguma coisa a ver com as relações financeiras obscuras da sua família); a recusa do presidente em mostrar os resultados negativos de todos os exames a que se submeteu para detectar coronavírus (ele jura que deram negativo, mas nunca os tornou públicos); as 127 vezes em que pastores lobistas foram ao MEC e FNDE no governo Bolsonaro, inaugurando o escândalo do balcão de negócios do MEC (e o ex-anti-ministro da Educação, Milton Ribeiro, jura que não tem nada a dizer); a retirada do valor de 90 milhões de reais para comprar tratores e beneficiar aliados políticos – detalhe 1: este montante estava destinado a famílias pobres que sofreram com os graves impactos da pandemia; detalhe 2: os tratores foram adquiridos pelo Ministério da Cidadania sem critérios técnicos e descumprindo determinação do Tribunal de Contas da União – TCU – (e o ex-ministro da Cidadania, João Roma (pré-candidato ao governo da Bahia pelo PL), jura que não houve desvio de finalidade na utilização dos recursos). Bom lembrar, também que, para o seu cartão de vacinação, para o processo administrativo contra o ex-ministro da doença e da morte, Eduardo Pazuello, e para o caso dos pastores que teriam negociado recursos do MEC com prefeitos, o presidente decretou sigilo de 100 anos. Lembram? O bolo favorito dele não contém aqueles ingredientes que mencionei no início deste parágrafo.
Ah, que cabeça a minha, é tanto lixo advindo deste (des) governo que quase esqueço de comentar sobre as suspeitas de irregularidades na compra de caminhões de lixo por parte do governo federal – superfaturamento, compra de veículos acima da necessidade de algumas cidades.
“Um governo sem corrupção”, afirmam os seguidores desta seita que diz “amém” a todas as maluquices, atrocidades e vilanias dos que compõem o atual governo.
Diante de todos esses fatos, e de tantos outros que seriam exaustivos demais para se acomodar neste texto, confirma-se que a clareza causa ao presidente e seus asseclas o mesmo mal que a luz causa aos vampiros.
Que sejam nossos votos, então, holofotes de luz incandescente; armas nobres e potentes que nos conduzam a algum estado de normalidade sobre o qual possamos voltar a plantar sementes de esperança para colher grãos de prosperidade.
Àqueles que apertarão o botão da cor rubra no dia das eleições, confirmando que apoiam a fascistização e almejam fazer visitas a coveiros covardes nos próximos quatro anos, deixo a epígrafe de um dos capítulos do meu atual livro de cabeceira (adoro ser professora de alunos inteligentes que me permitem assaltar suas estantes pululantes de cultura – obrigada por este, Arlete – sempre soube que a leitura de Mia Couto era necessária; agora, tenho certeza).
“Se não creio em Deus?
Lá crer, creio.
Mas, acreditar, eu acredito é no Diabo.”
(Avô Mariano – personagem do romance “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de autoria do moçambicano Mia Couto)
PS: esta epígrafe abre o capítulo 12, cujo título é, não por acaso, o título deste texto: visita ao fazedor de covas;
PS2: para que mais eleitores apertem o botão verde e confirmem que querem viver numa democracia, a esquerda precisa parar de bater cabeça na área. Do contrário, o adversário, ardiloso e fraudulento que é, vai simular falta na área, o juiz (comprado) vai dizer que foi pênalti, e vamos entregar a vitória de mão beijada. Torço para que nem Deus, tampouco o Diabo, queiram um mal desse tamanho para a nossa nação!
17 comentários
Clecio Nascimento
09:47Parabéns pela clareza dos fatos, pois estamos passando por uma cegueira generalizada que infelizmente domina nosso país. Mas ainda existe algo que nunca se acabará, esperança!!!
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Obrigada, Clécio.
Cegueira, demência, crueldade, permissividade doentia, seja lá o que for, isso há de ter fim.
Um abraço e venha sempre aqui pelo parlamentopb.
Mariana Evaristo de Queiroz Fernandes
09:47Excelente texto! Patrícia sempre muito precisa e sensata em suas análises. De fato temos duas opções claras nessas eleições. Que vença a democracia!
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Que seja assim, Mariana.
As eleições pelo mundo afora estão dando seus recados: em abril foi a França, agora em junho, a Colômbia, e assim vamos.
Um abraço, Mari.
Maria Theresa Rangel
09:47Patrícia, você como sempre cirúrgica no uso das palavras!!! Estes próximos cinco meses serão vitais para nossa sobrevivência como nação democrática (ou como diz Sérgio; do pouco que nos resta).
Que nunca nos falte a ESPERANÇA de dias melhores!!!!
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Que esta esperança, ainda que equilibrista, nunca nos desampare, Theresa.
Um abraço.
CÉLIO
09:47“A clareza causa ao presidente e seus asseclas, o mesmo mal que a luz causa aos vampiros”. Sensacional analogia Patrícia. É isso mesmo que ocorre com essa gente. Adorei sua análise como um todo. Parabéns 👏👏👏👏
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Obrigada, Célio. Muito bom ter você como leitor.
Venha sempre aqui pelo parlamentopb.
Um abração.
Marina Carvalho
09:47Pati , você é maravilhosa, sensata e precisa em todas as suas colocações. Excelente texto.
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Obrigada pelas palavras, Marina.
Vamos seguindo com esperança de um horizonte melhor, prenhe de luz incandescente.
Um abraço.
Simone
09:47Muito orgulho de você Patrícia! Uma reflexão como esta, em tempos como este, se faz necessária para mudarmos o rumo de nossa história.
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Vamos mudar o rumo, sim, Simone.
Eles passarão.
Um abraço.
Jan Leite
09:47Seu texto é muito preciso na descrição das opções que a nação tem que fazer. O que mais me preocupa é que a seita fascistoide tem encontrado na religião – que se alimenta da ignorância de muitos – um palanque gratuito para a doutrinação e lavagem cerebral. Esse ataque de zumbis à democracia precisa ser barrado.
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Esses zumbis serão barrados, Jan. Falta pouco tempo; mesmo sabendo que a dimensão “tempo” foi reconfigurada para nós, brasileiros, desde o golpe de 2016, falta pouco…
Um abraço.
Sérgio Araújo de Mendonça Fillho
09:47Concordo. Nesse momento histórico a luta é pelo que nos sobrou da pouca democracia que temos.
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Exato, Serginho.
E temos que sair vitoriosos no primeiro turno, ou teremos “estilhaços, bombas, bumbos e mil gritos” [trecho tirado da linda música de Pedro Luís e a Parede e Ney Matogrosso – vale ouvir] nos aguardando no trajeto que leva até a linha de chegada.
Um abraço.
Patrícia de Albuquerque Ricardo da Silva
09:47Faltou dizer o nome da música da qual extraí aquela frase, Serginho: “estilhaços, bombas, bumbos e mil gritos” [trecho tirado da linda música de Pedro Luís e a Parede e Ney Matogrosso].
Chama-se “Vagabundo”.
Sugestivo, não?