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Opinião: “Irmandade entre mulheres”

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Fechando o mês de março, no qual compartilhou textos refentes à questão da mulher, Iasmin Soares (produtora de conteúdo para as redes sociais, ativista, feminista interseccional, estudante de jornalismo e pesquisadora de afetividade e sexualidade de mulheres negras) trata hoje da sororidade e dororidade, sentimentos de irmandade entre as mulheres. Quer saber mais? Confira a íntegra:

Irmandade entre mulheres

Um sentimento que está presente na relação entre as mulheres é a sororidade. Mas qual é o significado dessa palavra? Do latim soror (irmã), é um sentimento de empatia, de carinho, que une as mulheres. O não julgamento também faz parte do conceito de sororidade, assim como a politização das ações das mulheres. Em resumo, é o nome que se dá para a irmandade entre as mulheres.

Bom, já que expliquei para vocês o que é esse termo, quero justificar a escolha do tema do texto que fecha o mês de março, mês de luta. Já falei sobre a história do dia oito de março, sobre perspectivas de feminismo e sobre algumas mulheres que não se sentem representadas, quis então abordar a sororidade e tudo que cabe a essa expressão. Aqui não quero romantizar o termo, mas elencar algumas inquietações que venho tendo ao pensar na sororidade.

Há quem diga que a sororidade é um sentimento que acompanha, nós, mulheres, desde que passamos a existir no mundo. Em muitas civilizações as mulheres se unem e criam uma relação de irmandade que não é encontrada em nenhum outro lugar. Um exemplo é a história de vida de Maria Felipa, ela era uma mulher ex-escravizada, morava na ilha de Itaparica, na Bahia. Maria Felipa e outras mulheres da ilha se uniram para expulsar os colonizadores lutando pela independência da Bahia por volta de 1824.

Outras pessoas afirmam que a sororidade vem de uma perspectiva do movimento feminista. Para essa linha de pensamento, foi a partir da luta e reivindicações que as mulheres começaram a se unir e ter o sentimento de irmandade umas pelas outras. Particularmente, desacredito desse ponto. A irmandade entre as mulheres está presente desde muito antes do movimento feminista surgir. Nossas ancestrais já se uniam e cuidavam umas das outras.

A sororidade é praticada de diversas formas. Quando mulheres se unem no twitter para expor homens abusadores e agressores, elas estão exercendo a irmandade. Expondo homens para que outras mulheres não sejam vítimas e se machuquem. Outro exemplo desse sentimento é quando uma mulher decide acolher uma desconhecida e partilhar o sentimento de dor, porque elas se entendem, elas são mulheres em uma sociedade patriarcal.

Como tudo não são flores, há quem use da sororidade para justificar mau caratismo. Nós, mulheres, não somos obrigadas a aceitar abusos de outras mulheres, não somos obrigadas a aceitar atitudes ruins por conta da sororidade. Tudo tem um limite. Eu não vou praticar a sororidade com uma mulher branca que seja racista comigo. Eu vou ficar muito mal. A sororidade não é sobre aceitar tudo só porque aquela agressão vem de uma mulher. Temos que saber separar, mas sempre pensando que o patriarcado ama colocar umas mulheres contra as outras.

Para mulheres negras, a sororidade tem outro nome: é a dororidade, são dores que nos unem e nos tornam mais próximas. Quando eu conheço uma irmã de cor, que tem as dores parecidas com a minha é como um encontro num hospital, nas nossas conversas, vamos nos curando e dividindo nossas angústias e dores. Nesse texto quero citar uma companheira de luta, Ana Beatriz Rocha, uma irmã de cor cuja aproximação se deu por conta da dororidade. Posso citar mais outras irmãs pretas com as quais construí relações através da dororidade. Elas são muito especiais e agradeço pelos sentimentos de amor.

Temos que nos apegar na sororidade, ou dororidade, para que cada vez mais possamos ficar unidas. Precisamos lembrar que se sua luta exclui uma mulher porque ela é diferente de você, isso não é uma luta coletiva. Vamos nos unir, mulheres, e acabar esse tal do patriarcado que até nome no masculino têm. Vamos derrubar o patriarcado, o capitalismo, o racismo, a LGBTQIA+ fobia, o capacitismo, ou não vamos seguir em frente para uma sociedade de bem viver para todos.

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