Alvo de operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 15, o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) se disse vítima de uma ordem judicial “abusiva” e afirmou que o País vive sob um “Estado policial” na gestão de Jair Bolsonaro. “Até esta manhã, imaginava que vivíamos em um país democrático”, escreveu em suas redes sociais. Ele disse disse também ter certeza absoluta que a operação em sua residência e de seus irmãos Lúcio e Cid Gomes teve a influência do presidente Jair Bolsonaro. “Eu tenho absoluta segurança de que é ordem de Bolsonaro, tal a violência e arbitrariedade”, afirmou ele à coluna de Mônica Bergamo.
Segundo o pedetista, a ação policial tem o “objetivo claro” de prejudicar sua campanha para o Planalto. Ele atribui a operação a uma tentativa de intimidá-lo diante das “denúncias” que faz contra o governo, que, segundo ele, “está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita”. Ciro afirmou ainda que o governo Bolsonaro tem um “braço policialesco” que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente.
“Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à presidência da República. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018”, disse.
Batizada ‘Colosseum’, a operação deflagrada pela PF tem o objetivo de apurar supostas fraudes e pagamento de propinas a agentes políticos e servidores públicos envolvendo as obras no estádio Castelão, em Fortaleza, capital cearense, entre 2010 e 2013. Além de Ciro, também é alvo das buscas o seu irmão, o ex-governador Cid Gomes.
“O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo”, defendeu-se o presidenciável.
A deputada federal Juliana Brizola (PDT-RS) saiu em defesa do presidenciável em suas redes sociais. “A PF ressuscitando um caso de 8 anos atrás e tentando colocar o nome de Ciro Gomes no meio de algo que (ele) nunca passou perto é pura politicagem”, escreveu ela.
Delação premiada
De acordo com Ciro Gomes, a origem do inquérito é uma delação premiada de “uma pessoa que diz na própria delação que nunca falou comigo”.
A colaboração foi feita por um executivo de uma empreiteira, a Galvão Engenharia, que participou de concorrência para reformar o estádio do Castelão, que sediou partidas da Copa do Mundo de 2014.
Ciro afirma que a concorrência foi vencida por quem ofereceu o menor preço. “Soube agora por meus advogados que o custo do assento do Castelão foi o mais barato do mundo desde 2002, de todas as Copas do Mundo. Pode investigar isso”, diz ele.
O pedetista observa ainda que foi arrolado como agente público, sendo que não exerce cargos públicos desde 2010, quando cumpriu mandato de deputado federal.
Além disso, já se passaram sete anos desde a Copa. E só agora, com a campanha pela sucessão de Bolsonaro em curso, a operação foi desencadeada.
“É completamente aberrante e calunioso. Vou processar todos os envolvidos”, afirma ele.
Com Estadão e Folha de S. Paulo