Parece inacreditável que, numa combinação diabólica de pandemia (COVID) e epidemia (H3N2 – Influenza), Cabedelo se delicia em mega aglomeração festiva ao som de bandas de axé e sertanejo sem que as autoridades de plantão ponham cobro a tamanha irresponsabilidade.
Repito. A situação é gravíssima! Evento reúne milhares de pessoas, resultando em potencial contaminação em massa de indivíduos, pois não se diga que há como obrigar que pessoas, naquele ambiente, usem máscaras e mantenham o distanciamento prescrito pela Organização Mundial de Saúde.
A exigência de passaporte sanitário (certificação de imunização) não é suficiente para garantir a biossegurança do local. As vacinas não impedem em 100% a contaminação o que faz com que os indivíduos que frequentem as festividades adoeçam e, pior, transmitam a moléstia para terceiros.
A cepa Ômicron, embora menos letal que a Delta, é quatro vezes mais contagiosa, sendo responsável pela sobrecarga do sistema de saúde em vários países do mundo. Algumas nações, inclusive, já impuseram novas medidas restritivas e estudam a possibilidade de lockdown. Isso para não falar da ameaça da Deltacron, detectada no Chipre a qual combina a letalidade da Delta e a transmissibilidade da Ômicron.
Reforce-se que no caso da “influenza”, não existem imunizantes hábeis a prevenir a infecção viral. Mesmo com mortalidade menor que a Covid-19, o H3N2 tem mais chances de evoluir para casos graves em grupos de risco (crianças, idosos, gestantes e indivíduos com comorbidades). As UPAs de João Pessoa e macrorregião estão lotadas de pessoas doentes, enquanto o som “rola solto” em Cabedelo.
Doutra banda, também é de se estranhar a decisão do prefeito Cícero Lucena em coibir o carnaval de rua, mas permitir a realização de festividades carnavalescas “indoor”. Cogita-se até o Espaço Cultural para o “Folia de Rua”, como se o vírus não adentrasse a lugares fechados, e as barreiras sanitárias fossem hábeis para barrar a contaminação. Não são!
Os prefeitos de Campina Grande e Bananeiras, de forma açodada, já anunciaram eventos juninos nababescos, sem atentar que a pandemia não acabou e nenhum cientista arrisca precisar o seu exato fim.
A saúde não interessa para a maioria dos gestores que preferem fazer autopromoção através de festas irresponsáveis e lesivas.
Neste contexto, certo estava o poeta romano Juvenal: ao povo, pão (hoje escasso pela crise econômica), e circo. No caso da Paraíba, circo não falta!
Todavia, uma questão ecoa na mente dos paraibanos mais responsáveis: existem autoridades sanitárias pelas bandas de cá?