A prevalência de pressão arterial elevada (PAE) e de hipertensão arterial (HA) em crianças e adolescentes vem aumentando nos últimos anos. A prevalência atual de HA na idade pediátrica mostra-se de 3% a 5%, enquanto a de PAE é estimada entre 10-15%. Na faixa etária de 7 a 12 anos, as prevalências de PAE e HA são de 4,7% e 1,9% respectivamente, ambas ocorrendo mais entre os obesos, conforme o documento Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 2020.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) na faixa etária pediátrica, assim como nos adultos, pode ter causa primária ou secundária, sendo a última mais frequente em crianças do que em adultos. Ao longo dos últimos anos, a hipertensão primária na faixa etária pediátrica vem crescendo, chegando até a ultrapassar as causas secundárias, em alguns centros de referência norte-americanos.
Geralmente, a HAS primária ocorre em crianças acima de 6 anos, que têm sobrepeso ou obesidade (o risco de desenvolver hipertensão é oito vezes maior nas crianças obesas) ou ainda história familiar positiva para HAS. Hoje, a principal causa de hipertensão em crianças e adolescentes é a obesidade.
Pressão alta nos primeiros anos de vida pode indicar doença de base
Nos primeiros anos de vida, a pressão alta pode ser a manifestação secundária de alguma doença de base, especialmente de doenças renais, endócrinas, cardíacas e pulmonares, como a apneia do sono, por exemplo. Prematuros e crianças que nascem com baixo peso também estão sujeitos a desenvolver hipertensão arterial na idade adulta.
Nem sempre é possível determinar a causa médica da pressão alta primária nas crianças e adolescentes. Atualmente os estudos mostram que, assim como acontece com os adultos, histórico familiar, obesidade, sedentarismo, maior ingestão de sal e menor de potássio são fatores de risco que contribuem para o aparecimento da hipertensão arterial na infância. Já na adolescência, cigarro, consumo de bebidas alcoólicas e de outras drogas, assim como o uso de anabolizantes e de pílulas anticoncepcionais, pesam também como fatores de risco para o surgimento da doença.
O médico clínico geral tem muita importância nesse processo porque, a partir da medição da pressão arterial, é possível fazer o diagnóstico de hipertensão arterial de acordo com uma tabela. A partir daí, pode-se iniciar o tratamento. Todas as crianças maiores de 3 anos devem ter a sua pressão arterial medida pelo menos uma vez por ano. Para as crianças menores de 3 anos, a pressão deve ser aferida quando houver suspeita de hipertensão secundária a outras condições de saúde. O encaminhamento do paciente para um cardiologista vai depender da causa, se existe comprometimento de órgãos-alvo e dos níveis de pressão.
Criança e adolescente podem tomar medicamento para hipertensão, mas é importante que os pais ou responsáveis também estimulem a prática regular de atividade física e a introdução de dieta balanceada, com mais frutas e verduras, menos gorduras saturadas e açúcar. Uma outra medida indispensável é reduzir drasticamente a ingestão de sal.