A alma é a pessoa por dentro. Não numa percepção anatômica. É a pessoa na sua interioridade. O que pensa, o que sente, o que sonha, o que deseja. Na verdade, a alma é a essência da nossa individualidade. É o nosso retrato mais subjetivo, mais íntimo.
A alma é o centro de nossas emoções, sentimentos, desejos e de todas as demais demandas e expressões afetivas que permeiam a nossa existência. Toda pessoa possui uma alma. Aliás, pela concepção holística, sabe-se que o ser humano é constituído na sua integridade, de corpo, alma e espírito. Não somos apenas seres viventes; somos pessoas. Somos gente. Somos indivíduos dotados de necessidades psicológicas, fisiológicas, sociais e espirituais. Nisto se encontra a nossa singularidade.
Pois bem, é exatamente na alma, o centro afetivo da nossa existência, onde se originam os grilhões da nossa liberdade. Todo verdadeiro cativeiro começa dentro de nós. Quando a alma deixa-se escravizar por quaisquer sentimentos nocivos à vida, a liberdade corre perigo e, aos poucos, a existência vê-se prisioneira de muitas dores e dissabores. Seqüestrada dentro de si mesma.
São muitos os seqüestradores da alma. Tanto podem ser pessoas, como também sentimentos. A experiência humana que traduz o estado de privação da liberdade interior é o sofrimento. Aflições, angústias e temores, são manifestações pelas quais a alma humana expressa sua agonia e reclama por sua liberdade. A dor da privação, da rejeição, do abandono e do desespero, é muito mais intensa que qualquer outra. Quando a alma chora, é porque o seu limite de sofrimento foi ultrapassado.
Resgatar a alma é torná-la livre outra vez. É pagar o preço por esta liberdade. Preço muito alto, por sinal. É somente na experiência da liberdade que a alma humana se reencontra consigo mesma, e volta a percorrer o caminho da plena realização interior: A felicidade. Não existe felicidade onde há cativeiro. Todavia, a felicidade tem o seu preço. Não é fácil manter-se feliz, porque também não é fácil manter-se livre.
Quais são, então, os algozes da alma? São muitos. Sentimentos mesquinhos: ódio, vingança, inveja, orgulho, presunção, dentre outros. Tais sentimentos constituem-se como venenos mortais, que vão matando aos poucos, sem que a vítima perceba que ao armazená-los dentro de si, está pagando aos poucos o seu próprio funeral. É morte lenta, mas é morte certa. Eles são o câncer da alma.
Não somente sentimentos, muitas atitudes também têm uma natureza opressora. Preconceito, maledicência, falsidade, egoísmo, indiferença, ingratidão e traição, são alguns exemplos. Estas atitudes funcionam como algemas da alma. Privam a vida da alegria, bloqueiam o curso da liberdade. Não somente acorrentam a alma, mas a adoecem também. Tudo isso é lixo emocional. Para nada servem a não ser para poluir nosso mundo interior. Provocam sujeira, contaminação e morte por infecção emocional generalizada. Retirá-los de nós é como fazer uma assepsia na alma. O resultado é leveza, saúde e paz interior.
Somente Deus, por direito de criação, pela força do amor e por sua natureza paterna, pode realizar o verdadeiro resgate da nossa alma. Ele nos conhece por dentro, tal como somos. Nos conhece e nos entende. Nos ama sem restrições. Sem acordo prévio. O Apostolo Paulo escreveu: “Deus nos amou quando nós ainda éramos pecadores”. O local que Ele escolheu para nos “comprar” de volta para si foi o Calvário. O preço foi seu próprio Filho. Deus jamais desistirá de cada um de nós. Somos Dele, desde a criação. Somente Nele nosso coração encontra descanso, sentido e paz.