Angélica Lúcio

Angélica Lúcio é jornalista, com mestrado em Jornalismo pela UFPB e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, atua na Comunicação Social do HULW-UFPB/Ebserh como jornalista concursada.
Angélica Lúcio

O que mudou na sua vida nos últimos 20 anos?

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Onde você estava em 2003? Você já parou para pensar como sua vida, a comunicação e o mundo mudaram muito ao longo dessas duas décadas? Refleti sobre isso esses dias ao ler uma matéria no portal UOL sobre a história de uma mulher que sofreu um AVC, em 2017, e se lembrava apenas do que havia acontecido na sua vida até 2003.

Ela perdeu 14 anos de memória e nem sequer se lembrava que era casada ou que era possível se comunicar por imagem usando um telefone celular. Em sua mente, ela se recordava que costumava usar um celular Nokia azul, no qual se divertia com o jogo da cobrinha.

Há 20 anos, eu já era casada, mas não tinha filho, que só nasceria em 2004. Nas redações, os computadores já faziam parte do cenário, mas nenhum jornalista usava o celular para fazer fotos. Para gravar entrevistas, eu utilizava um pequeno gravador com fita cassete. Quando me esquecia de virar o lado da fita, acabava perdendo a gravação anterior. Sim, isso ocorreu mais de uma vez e o que me salvou foi o costume de fazer anotações, em um bloquinho de papel, dos principais pontos que o entrevistado dizia.

Em todo o Brasil, vários jornais impressos faziam parte da nossa vida, e os sites e portais de notícias ainda eram poucos, considerando o volume que temos hoje. Existia “fake news”, claro, mas a gente chamava de boato, e a velocidade de ir de uma boca a outra, de um ouvido a outro, não se compara ao poder de disseminação dos aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram.

Aliás, o WhatsApp foi lançado em 2009 e o Telegram, em 2013. Três anos antes, em outubro de 2010, o mundo conhecia o Instagram, a rede social criada para compartilhamento de fotos e vídeos.

Foi também em 2010 que o Jornal do Brasil deixou de ser impresso. Fundado em 1991, o JB teve um importante papel na história da nossa imprensa. O fechamento de jornais de papel, inclusive, foi um dos grandes acontecimentos na área de comunicação nessas duas décadas. Além de deixar milhares de profissionais desempregados (de jornalistas a operadores de máquinas nos parques gráficos), tal fenômeno também rendeu inúmeros trabalhos na academia.

Em 2003 (ano em que o Skype foi criado), imaginávamos que, talvez, muitos aparelhos ficassem para trás. Na minha mente, o rádio era um deles, mas foi um dos veículos que mais se reinventaram com a chegada da internet. Também não pensávamos em TV ao vivo na web, em lives por meio de redes sociais, em dancinhas de TikTok, em compartilhamento de arquivos nas nuvens, em redação integrada com jornalistas polivalentes, em celulares que custam o preço de um carro!

Há 20 anos, ainda pagávamos muito, muito caro para usar a internet, que era discada, precisava de linha telefônica e cada minuto de uso levava muitas moedinhas do nosso bolso.

Nessas duas décadas, a produção e veiculação de vídeos dominou nosso cotidiano. Por falar nisso, o YouTube só foi criado em 2005, por três ex-funcionários do PayPal, e foi vendido para a Google em 2006. Ainda hoje, é a principal plataforma de compartilhamentos de vídeos do mundo.

De 2003 para cá, conhecemos tablets, carros elétricos, veículos autônomos, livros eletrônicos, impressoras em 3D, assistentes virtuais. Realidade virtual aumentada e Inteligência Artificial também passaram a fazer parte do nosso dia a dia e de nossas conversas.

A gente mal pisca o olho e há todo um universo de inovações sendo desenvolvido e lançado. Tudo muda a todo instante ao nosso redor. Mas eu continuo usando meu bloquinho de papel para fazer registros, inclusive, foi nele que anotei a ideia de pauta para esta coluna… 

(Artigo publicado originalmente no jornal A União, edição de 30 de julho de 2023)

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