Nesse cenário sem precedentes que estamos vivenciando, em que a máxima do distanciamento social é preponderante para salvar vidas, é fundamental resgatar uma reflexão de um dos mais importantes intelectuais do século XX, Zygmunt Bauman.
Para o referido sociólogo polonês, as características heterogêneas que perpassam o sentido do coletivo, que é implícito na noção de comunidade, avançaram pra uma percepção de indivíduo, o que gera novas combinações estéticas.
Bauman sublinha que os acordos viabilizados entre os agentes de uma comunidade para manter sua organicidade, ao mesmo tempo em que, destaca a volatibilidade dos grupos e a inexistência de traumas quando do desligamento dos membros. Frutos da chamada “modernidade líquida”, que segundo o autor, “nada conserva a sua forma por muito tempo”. Há a valorização do temporário em detrimento ao que é permanente.
Outro debate levantado por Bauman se baseia na impossibilidade do coletivo em somar “segurança e liberdade”, para o teórico, é a maior das conseqüências da vivência em comunidade, porém torna seus agentes co-responsáveis pela preservação dos demais!
Assim, frise-se: “A segurança e a liberdade são dois valores igualmente preciosos e desejados que podem ser bem ou mal equilibrados,mas nunca inteiramente ajustados e sem atrito. De qualquer modo,nenhuma receita foi inventada até hoje para esse ajuste. O problema é que a receita a partir da qual as ‘comunidades realmente existentes’ foram feitas torna a contradição entre segurança e
liberdade mais visível e mais difícil desconsertar” (BAUMAN, 2005, p.10).
Referência: BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Zahar Ed. 2005.