O jornalista e escritor Fernando Sabino, conhecido por suas crônicas bem-humoradas, nos ensinou que “o otimista erra tanto quanto o pessimista, mas não sofre por antecipação”. Tal conclusão deveria ser o suficiente para que bebêssemos, diariamente, na fonte dos pensamentos e ações positivas. Mas, feliz ou infelizmente, torna-se quase impossível, por não se tratar de tarefa tão fácil. Em tempos bicudos, quem nunca ouviu falar que o “mar pode não estar para peixes”.
Estudos científicos irrefutáveis mostram benefícios desfrutados tão somente por pessoas generosas na arte de ser otimista. Sim, sistemas imunológicos funcionam melhor; tratamentos respondem mais rapidamente; há ganhos nas relações sociais, profissionais, familiares; se adoece menos e, principalmente, alcança-se maior longevidade.
A neurociência também tem comprovado como vive-se mais e melhor, à medida em que se adotam visões e comportamentos menos pessimistas. Nada daquele otimismo irracional, potencialmente tão perigoso e paralisante quanto o pessimismo desmedido. Mas, sim, a capacidade de positivar ações ante as intempéries cotidianas.
De zero a dez, a vida pode até beirar o negativo, em razão do arsenal de adversidades tão comuns na atualidade. O que fazer, a partir de tal constatação, constitui o epicentro desse quebra-cabeça. Pensamentos ditos negativos ou não tão alentadores, a exemplo da constatação de que um sonho sucumbiu, o empreendimento não deu certo ou aquele relacionamento quase perfeito também naufragou, podem gerar ações extremamente positivas. Ou não… Simplesmente migrar para um pessimismo bastante prejudicial.
São linhas tênues que permeiam atitudes e padrões comportamentais também estudados por meio da Psicologia Positiva, uma ciência que nada tem a ver com literatura de autoajuda. Esse campo científico pesquisa a felicidade, o bem-estar, resiliência, forças, sentimentos e traços positivos.
Longe da ideia de ativar a função Poliana (personagem da literatura juvenil, imortalizada por sempre vislumbrar o lado bom das situações ruins), quando o mais indicado seria enfrentar a realidade nua e crua, sem subterfúgios, da forma mais assertiva possível. Tampouco trata-se de uma certa ditadura da felicidade, que infesta as redes sociais, com suas fotografias e selfies cada vez mais distorcidos e incongruentes à vida real.
É inegável que sentimentos otimistas e pessimistas perpassam toda a existência humana, com caminhos que podem agir contrário ou favoravelmente, nas duas situações. São recortes de vidas e momentos onde, paradoxalmente, até os pensamentos negativos poderão ser revertidos em ações positivas e histórias promissoras, segundo a Psicologia Positiva.
Portanto, na esmagadora maioria das situações, o otimismo caminha para ser mil vezes melhor. Só ele será capaz de sacudir a poeira e promover verdadeiras reviravoltas, lançando feixes de esperança em vidas que não mais faziam seus sonhos brilharem, como diz o poeta.