O Brasil não é um país seguro para as mulheres. E na política não é diferente. O ambiente é frequentemente tóxico. E os exemplos disso não são raros. Muitos machistas não fazem questão de esconder o quanto desprezam as mulheres e o esforço que empreendem para tentar desqualifica-las.
No último dia 13 de abril, na Câmara de Beberibe, uma cidade do Ceará, o vereador Hernandes foi à tribuna para exibir um chinelo e ameaçar a prefeita Michele Queiroz. Disse ele que ela merecia uma palmadas na bunda, como se fosse uma criança incapaz e sujeita à reprimenda dele, um político que mal consegue se expressar em português e que foi movido por um ímpeto de pura vaidade. Hernandes estava indignado porque Michele não teria dado crédito a ele por algumas benfeitorias feitas no município. O ego do parlamentar ficou sentidinho e ele quis compensar agredindo a prefeita. Não satisfeito com essa palhaçada, ainda estimulou a população a fazer o mesmo.
O vídeo viralizou e não vai me espantar se daqui a alguns dias esse valentão for à tribuna ou as redes sociais pedir desculpas a todas as mulheres. Deve inventar uma desculpa esfarrada para tentar se safar da chinelada da opinião pública que ele certamente merece.
Mas, casos assim estão aos montes nas manchetes de sites e jornais praticamente todo dia.
Nesta quarta-feira, o deputado estadual Arhur do Val, o Mamãe Falei, renunciou ao mandato na Assembleia Legislativa de São paulo porque teve medo. Se o processo contra ele continuasse correndo no Conselho de Ética, o deputado poderia ficar inelegível por oito anos. Ele era julgado por quebra de decoro parlamentar por causa de uma série de declarações desprezíveis sobre mulheres ucranianas.
O sujeito foi á Ucrânia em março e de lá mandou áudios para os amigos, dizendo que as ucranianas são “fáceis” de pegar porque são pobres —e que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a “melhor balada do Brasil”.
A justificativa da viagem feita por Arthur e por Renan Santos, coordenador do MBL era de “mostrar aos brasileiros a realidade da guerra”. Conseguiu mostrar a pequenez do macho alfa brasileiro que se considera muita coisa, finge ser cidadão de bem ,mas não passa de uma criatura medíocre e frouxa. Caso não fosse, enfrentava o processo até o fim. Renunciou por medo. Falar contra as mulheres é o passatempo preferido dos machões frágeis. Desses que ainda acham que falar grosso ou gritar mete medo em alguém e só assim conseguem se sentir menos inservíveis. Ainda bem que há homens como Erasmo Carlos que lá na década de 80 já tentavam ensinar lições básicas a uma minoria de machistas. Dizer que a mulher é o sexo frágil é uma mentira absurda. E todos os dias estamos dispostas a provar que a força está conosco. Resistir a tanto preconceito não é para qualquer um.