Se eu fosse Dona Armênia, personagem impagável vivida por Araci Balabanian na novela Rainha da Sucata, diria que “minha queixa” ficou “na chom” quando ouvi o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira anunciar que o candidato a prefeito do PSB em João Pessoa seria o deputado federal Gervásio Maia. Para tornar a cena ainda mais surreal, a declaração foi feita ao lado do ex-governador Ricardo Coutinho e não foi no cafezinho da esquina. Se deu em pleno Congresso de Autorreforma do PSB no Rio de Janeiro.
Entrei em contato com o próprio Siqueira e com a assessoria de imprensa do PSB. Ninguém se dignou a responder as mensagens ou telefonemas.
Teria sido uma gafe? Ato falho?
Pelo silêncio que se seguiu, a interpretação plausível é bem outra e remonta a um passado não muito distante quando Gervásio já havia sido anunciado como candidato ao Governo da Paraíba no início de seu mandato como presidente da Assembleia Legislativa. A estratégia daquela época bem pode ser a de agora: criar uma cortina de fumaça para tirar o foco do candidato real.
Em 2018, o candidato foi João Azevedo, mas quem fritou até quase queimar foi Gervasio. Veio pancada de dentro e fora do partido e ele teve que ir a público dizer que não disputaria.
Na atualidade, a artilharia pesada está voltada para Ricardo Coutinho, com uma Operação Calvário cuja finalidade clara é chegar até ele e causar sua inelegibilidade. Alimentados por fatos gerados pelas etapas da investigação sobre as organizações sociais que foram implantadas no governo do socialista, os adversários de Ricardo – que não são poucos – tem feito investidas diuturnas para desqualificá-lo pessoal e politicamente.
Sem desmerecer a densidade eleitoral de Gervásio, é pouco crível que o PSB prefira o deputado ao ex-governador, figura de proa do partido não apenas na Paraíba mas em nível nacional. O nome dele estaria colocado como plano B. A menos que o partido imagine que não teria condições de por em prática o plano A.