Vivemos um tempo muito difícil no que tange aos relacionamentos que envolvem nossa existência. Há uma espécie de epidemia atacando as pessoas na sua interioridade. Quer na família, no trabalho ou nos encontros sociais, estamos sempre nos deparando com alguém muito triste, deprimido, agressivo, rancoroso, mesquinho. O certo é que a incidência de pessoas emocionalmente enfermas é assustador! Muitos estão vivendo sem qualquer alegria, fragilizados em sua auto-estima e motivações. É a síndrome da existência vazia de significado.
Inúmeras são as tentativas de explicação para tamanha tragédia existencial, tendo em vista a complexibilidade da vida humana. Todavia, há um fator que me parece estar no centro de muitas enfermidades emocionais, como um desencadeador de distúrbios afetivos: a incapacidade de amar, face a uma outra deficiência ainda maior: a incapacidade de liberar o perdão. A experiência do amor só é vivida em plenitude associada a uma outra: a do perdão. O perdão liberta; o amor cura!
Famílias são desagregadas; sonhos desmoronam rapidamente; relacionamentos significativos são quebrados; o rosto, antes marcado pelo sorriso, agora é o reflexo de tristeza e amargura. O que está por trás de tudo isso senão a falta de amor, como conseqüência prática da ausência do perdão? Liberar o perdão é promover a liberdade da alma; negá-lo, é aprisionar a alegria e adoecer o coração.
Somente o perdão tem poder de quebrar nossas amarras interiores. Ele é uma espécie de detergente d’alma, lavando as impurezas que os sentimentos mesquinhos, ao longo dos anos, foram jogando no coração, transformando-o num depósito de lixo afetivo, poluindo a existência e infectando a vida.
Sem a liberação do perdão viveremos sempre aprisionados por correntes que nós mesmos nos permitimos colocar, e mergulhamos numa existência escura, sem brilho algum. Nossos dias, tornam-se densos; as noites, sem paz; as manhãs, sem esperança. Liberar o perdão é resgatar o arco-íris, como sinal de alegria, outra vez.
Pessoas que resistem ao perdão – tanto em conceder, como em pedir –, via de regra, são pessoas enfermas, infelizes em si mesmas, muito embora, a maioria delas consiga fingir, canalizando para as coisas materiais sua atenção, tornando-se escravas da aparência, da superficialidade, experts na arte de representar.
Nenhum remédio é para alma melhor do que o amor. Nenhuma sensação pode ser comparada com a paz de um coração liberto. A única força capaz de fazer o amor surgir, a paz fluir e o perdão ser liberado, é a força da presença de Deus em nós. O amor cura; o perdão liberta e Deus, como fonte de amor verdadeiro, nos concede a experiência de uma nova vida, com saúde e alegria!