Com três eleições acachapantes no primeiro turno (Pernambuco, Ceará e Espírito Santo), o PSB ganhou musculatura nas urnas e já pressiona nos bastidores por espaço maior na Esplanada dos Ministérios caso Dilma Rousseff (PT) seja eleita presidente da República.
Aliado do governo Lula, o partido disputa o segundo turno em outros três Estados: Paraíba, Piauí e Amapá. Desses, terminou em primeiro lugar nos dois primeiros.
Na Câmara dos Deputados, o partido sai das urnas como o que mais cresceu proporcionalmente (26%), subindo de 27 para 34 deputados. A sigla já ameaça o DEM, que, quando ainda era PFL, chegou a ter mais de 100 representantes em 1998 e agora elegeu 43 deputados.
No Senado, foram três eleitos pelo PSB, um a mais do que na composição atual: Rodrigo Rollemberg (DF), Lídice da Mata (BA) e Antonio Carlos Valladares (SE). Os dois primeiros são "caras novas" na Casa.
"Estamos cem por cento mobilizados pela Dilma. Acabando as eleições conversaremos sobre a composição, mas é evidente que merece mais espaço", afirma o deputado federal gaúcho Beto Albuquerque, um dos campeões de votos –mais de 200 mil– no Estado.
"Estamos juntos desde o primeiro ano do governo Lula. Temos um alinhamento político, não ocasional", complementa.
Atualmente, o PSB comanda o Ministério de Ciência e Tecnologia e a Secretaria de Portos. O ministério é chefiado por Sérgio Rezende, sucessor do governador campeão de votos, Eduardo Campos (PE) –teve 82,84% dos votos.
A secretaria está nas mãos de Pedro Brito, aliado do deputado Ciro Gomes (CE). Cearense, Brito cogitava concorrer a uma vaga na Câmara na esteira da votação do governador reeleito Cid Gomes (CE). Mas desistiu, a pedido de Ciro, para não correr o risco de o partido perder o controle da secretaria.
Um dos alvos do PSB em eventual governo Dilma é ampliar o controle do Porto de Santos (SP). Nos bastidores, já há disputa com aliados de Michel Temer (PMDB), vice de Dilma, que cobram o comando do porto –já foi cota de Temer na década de 90.
Reservadamente, lideranças do partido defendem que a sigla administre três ministérios. A lista de desejos começa pelo Ministério da Integração Nacional, que destina verbas ao Nordeste.
PESO POLÍTICO
Com base nas eleições decididas no primeiro turno, o PSB comandará 10,7% do eleitorado do país. Se vencer as três eleições em aberto no segundo turno, esse número pode chegar a 14,6%.
"Tivemos uma vitória maiúscula. O partido cresceu e ganhou visibilidade", diz o governador eleito Renato Casagrande (ES). "E aposto que vamos ganhar em outros três no segundo turno", emenda.
Das três disputas, a Paraíba é apontada como uma das mais importantes porque se somaria às vitórias no Ceará e Pernambuco, formando um bolsão da sigla no Nordeste.
Junto com a hegemonia conquistada pelo PT na Bahia, com a reeleição de Jaques Wagner, consolida um domínio de legendas de centro-esquerda nos principais colégios eleitorais de uma região tradicionalmente associada ao coronelismo.
Folha Online