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“… muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia
Faz pouco se deitou, está dormindo
Esse homem é brasileiro que nem eu. “

Trecho do poema “Descobrimento” de Mário de Andrade

Uma vez, estávamos voltando de viagem, Hirllen e eu, de Paris para Recife e nos assentos à nossa frente, no avião, três garotas liam em voz alta um folheto com palavras em português, que aparentemente lhes seriam úteis por aqui. “Galera”, “demorô” e outras coisas que não lembro bem. Teve um momento em que uma delas falou algo tão engraçado, que cai na risada. Hirllen me deu uma cotovelada e eu o lembrei da gente indo pra Alemanha, quando uma senhora, no aeroporto, estourou de rir com a minha tentativa de pronunciar uma palavra que tinha dezessete consoantes e duas vogais, sendo que uma delas ainda estava de cabeça para baixo.

Graças a isso, as meninas e nós iniciamos uma conversa divertida, onde eu expliquei que, se elas estavam indo para Recife, aquelas palavras em “carioquês” não seriam muito úteis. Imagine um “glossário” recifense sem as palavras “eita”, “ôche”, “cuscuz” e “tapioca”.

Claro que essa conversa resultou em explicar sobre os “brasis”.

Como é o Brasil?

Isso depende, meninas, da parte do Brasil para onde vocês estão indo.

Cada região fala uma língua, tem uma comida típica, um jeito de se expressar, de cumprimentar as pessoas, de ouvir música…

Forró, funk, sertanejo, frevo, axé, samba de breque, samba carioca, samba paulistano, bossa nova, clássico, sertanejo, reggae, carimbó, brega, xote, bugio, tambor, catita, maracatu.

Feijoada, arroz tropeiro, pato no tucupi, moqueca capixaba, baião de dois, cuscuz paulista, pastel, galinhada com pequi, churrascaria, sushi com cream cheese, pizza, acarajé, bolo de rolo, banofee.
Meus amigos se chamam Tanaka, Cestarollo, Silva, Oliveira, Kaiowá, Jung, Philips, Katritsis-Tacia, Hernandez, Roubach, Dieb, Lyra, Panerai, Shalom. São pretos, brancos, loiros, ruivos, olhos puxados, cabelos de toda cor e formato. Toda graça de sotaque, cada um com sua cantiga, seu jeito de pronunciar os “erres” e “esses”, os “tês” e “dês”, de juntar um monte de sílabas, corramarrlinda dessmund, vixe Maria, barbaridade, égua…

É engraçado como o olhar sobre a nossa terra fica rico, quando a gente a apresenta a outra pessoa. Quem já não sentiu isso “dando um rolê” pela cidade, para mostrá-la a um amigo de fora?

Pois bem, quando eu já estava quase me sentido um antropólogo em brasilidades, um senhor ao lado decidiu entrar na conversa, atitude que é muito coisa nossa, e começou a falar “do brasileiro”. O brasileiro é assim, o brasileiro é daquele jeito…

Foi a primeira vez que me dei conta de que falamos de nós mesmos na terceira pessoa.

Não lembro de, nas minhas viagens, escutar as pessoas falando dos seus países dessa forma, como se estivessem olhando de fora ou não fossem semelhantes.

“Nós, franceses, servimos o queijo na sobremesa”

“Nós, ingleses, somos muito reservados”

Mas a gente fala da gente, e muito frequentemente dos nossos defeitos, na terceira pessoa.

“O brasileiro é muito barulhento”. Brasileiro é isso, brasileiro é aquilo.

Isso tem nome: falta de autoestima.

Falta NÓ, sabe?

Falta nó para amarrar esse povo todo numa coisa só, linda e diversa, e a gente passar a se tratar por NÓS, que é um monte de nó junto.

NÓS, os brasileiros, somos arretados, carinhosos, abraçantes, musicais.

Se fala um monte de língua, sabe, meninas. Mas em todas elas vocês verão um tanto de amor.

Porque NÓS, brasileiros, somos muito amorosos. Boa parte das vezes, com quem vem de fora. Mas eu tenho fé que a gente vai aprender a se tratar assim também entre a gente.

Quando esse monte de nó virar laço, a gente finalmente vai ter noção do que é nação. E vai ter muita força.

Nossa! Não vejo a hora!

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