Marco Lima

Marco Lima tem graduação em Educação Artística, com habilitação em Música, Especialista em Educação Infantil e Mestre em Serviço Social (UFPB), tendo como área de Pesquisa a Educação Inclusiva de Pessoas com Deficiência Visual. Atua como Professor de Música no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha. Vice-presidente da Federação Espírita Paraibana, foi co-fundador do Grupo Acorde.

Nenhum preconceito é maior que a vontade de superá-lo

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(21 de Setembro Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência)

A inclusão socioeducacional de crianças e jovens com deficiência se constitui numa das grandes problemáticas a ser enfrentada na sociedade atual. Ao longo da história da humanidade, pessoas com deficiência – notadamente no Brasil – sofreram com as práticas excludentes, tornando-se vítimas de discriminação, o que reflete uma prática corrente na sociedade e nos relacionamentos humanos, fruto da relação de poder e de subalternidade que envolve as classes e os grupos sociais. Apesar de terem sido publicados alguns trabalhos sobre a temática, ainda assim persiste a necessidade de estudos para dar conta da complexidade da mesma.

O aprofundamento das análises nesse tema, através da leitura e percepção dos jovens estudantes especificamente com deficiência visual, sujeitos e atores do processo de inclusão socioeducacional, proposto pela Política Nacional de Educação Inclusiva, a nosso ver é importante, entre outras razões, para o desvendamento de aspectos que certamente só podem ser desvelados por meio das visões próprias dos estudantes envolvidos diretamente nesse processo. Diferente do que muitos acreditam, esses atores possuem clara visão a respeito da discriminação, do preconceito, do tratamento desigual que sofrem nas organizações escolares em todos os níveis e na sociedade. No relato abaixo podemos perceber explicitamente, o brado do estudante com deficiência visual e a sua percepção da realidade em que vive:

Eu espero que as escolas possam contribuir mais na vida dos deficientes, incluir mais os deficientes nas atividades, que as pessoas não tenham tanto preconceito, tanta discriminação, somos normais, apenas não enxergamos, então precisam tratar de maneira igual, espero que as escolas incluam todos em tudo.
(M.P/15 anos/M)

A discriminação e o preconceito são aspectos marcantes que permeiam a relação social dos jovens com deficiência no âmbito da vida escolar. Evidentemente que eles e seus familiares sofrem e ressentem-se pelas experiências cotidianas de discriminação, buscam superar tais barreiras e encontrar caminhos, através de atitudes individuais e conjuntas para superação. Paradoxalmente, as experiências discriminatórias são geradas, em grande parte, exatamente por aqueles que deveriam protegê-los: familiares, colegas, gestores escolares e docentes. Entendemos que o maior papel social da escola, é proporcionar à formação de valores humanos necessários a construção da cidadania, no entanto, na realidade escolar, observam-se exemplos de desrespeito, crueldade, falta de solidariedade e descumprimento das garantias civis de crianças e jovens com dficiência.

Mesmo constatando que ocorreram avanços significativos na legislação pertinente ao direito da pessoa com deficiência, exarados a partir da Constituição Federal de 1988, no atual momento histórico da educação inclusiva brasileira, apesar de muito se debater a inclusão, observamos que muitos educadores vinculados diretamente às escolas ditas inclusivas, desconhecem os direitos da pessoa com deficiência, somado a isso, falta-lhes clareza conceitual e informações básicas sobre o que quer dizer “Inclusão”. Por isso a necessidade de continuarmos a luta pelos direitos das Pessoas com Deficiência.

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