A sétima fase da Operação Calvário, deflagrada no dia 17 de dezembro, deixou a Paraíba perplexa. Naquele dia, o desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça havia autorizado a prisão preventiva do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), da deputada Estela Bezerra (PSB), do ex-procurador geral do Estado, Gilberto Carneiro e do ex-secretário Waldson de Souza (Planejamento, Saúde, Articulação Municipal) e mais 13 pessoas.
Ricardo é não apenas a maior liderança de esquerda do Estado, mas um gestor que teve grandes méritos na condução da prefeitura de João Pessoa e também no Governo da Paraíba. As denúncias que recaem contra ele são gravíssimas, mas os feitos do socialista na gestão pública não podem ser desmerecidos.
Até o surgimento da Calvário, o que mais remetia à imagem de Ricardo era o discurso do “republicano”. E justamente por isso, vê-lo numa audiência de custódia depois da prisão por desvio de dinheiro público através da Saúde e Educação (ou seja de onde fosse) é chocante. Assim como assistir a Ricardo saindo do Tribunal de Justiça rumo à Penitenciária de Segurança Média sob uma salva de fogos e o coro de “ladrão”. É triste para os cidadãos e também para a política da Paraíba, que agoniza ainda mais desacreditada.
Enquanto tentava reverter sua prisão, o ex-governador negava as acusações e dizia que o processo seletivo do Hospital Metropolitano de Santa Rita havia sido monitorado pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado. Mas, na delação que fez, Ivan Burity (ex-secretário executivo de Turismo do Estado) acusou Ricardo de ter os poderes sob seu domínio. Dois conselheiros do TCE já foram afastados, o que reforça a tese de Ivan e levanta suspeitas sobre membros do judiciário, MP e TCE.
Os delatores denunciaram muitos fatos, mas não são apenas as delações. Pelo que sabemos até agora, há gravações que já vazaram entre Ricardo e Daniel Gomes. O que mais haverá? Quem mais pode delatar? Quem mais pode ser comprometido? Onde a Calvário vai acabar?
Em meio a tantas dúvidas e ao cenário de instabilidade política generalizada, os paraibanos andam tensos com o noticiário. Ironicamente, é como se não apenas o sol nascesse primeiro por essas bandas. Parece que o fim do mundo também chegou antes por aqui.