Angélica Lúcio

Angélica Lúcio é jornalista, com mestrado em Jornalismo pela UFPB e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, atua na Comunicação Social do HULW-UFPB/Ebserh como jornalista concursada.
Angélica Lúcio

Muito prazer, meu nome é “Lead diluído”

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Lead (lide), conforme consta no renomado “Dicionário de Comunicação”, de Carlos Alberto Rabaça & Gustavo Barbosa, é a abertura de uma notícia. Deve trazer, de forma sucinta, o assunto principal da matéria ou o fato essencial. “O lide torna possível, ao leitor que dispõe de pouco tempo, tomar conhecimento do fundamental de uma notícia em rapidíssima e condensada leitura do primeiro parágrafo”, ensinam Rabaça & Barbosa.

Do lead, aprendi nos livros e nas redações, é que iremos escolher as informações que irão compor a manchete e o sutiã (linha fina/subtítulo) da notícia. Quanto mais atraentes esses dois elementos, maior a possibilidade de fisgarmos a atenção do leitor.

Pois bem. Há algumas semanas, em um curso ministrado pelo professor Fabiano Ormaneze (“Produção de textos para comunicadores do setor público”), aprendi que um novo tipo de lead está sendo estudado pela academia e praticado por alguns veículos de comunicação. Trata-se do “lead diluído”, do qual até então nunca tinha ouvido falar nada. Mas bem que gostei da proposta.

Considerado uma novidade em termos estilísticos, o lead diluído nasceu a partir de uma certa crise de identidade do texto jornalístico. Conforme Ormaneze, a evolução dos meios de comunicação e o

imediatismo imputado aos meios digitais criaram outros formatos. “Também influenciaram nesse processo a portabilidade da informação e seu acesso de dispositivos móveis e o fato de que o acesso à notícia hoje se dá de maneira incidental por boa parte dos leitores”.

Citando a pesquisadora Kira Goldenberg, que estuda o tema, Ormaneze lembra que, por pelo menos um século, a pirâmide invertida reinou inveterada no jornalismo, com algumas exceções, como as correntes que defendiam o formato literário. Atualmente, porém, tal formato “não condiz mais com as plataformas digitais que o público vem usando para ler (ou não ler, o que é mais comum) notícias”, avalia Kira Goldenberg.

E é aí que entra o lead diluído. Para não cansar quem lê notícias em suportes digitais e em veículos com textos mais curtos, a saída para manter a atenção do leitor é não repetir informações do lead nos chamados elementos supratextuais, como o título e o sutiã (linha fina).

Ao optar pela NÃO repetição, no título e antetítulo, de elementos textuais já existentes na abertura da matéria, ou seja, ao fazer o lead diluído, o repórter produz um texto que torna a leitura mais dinâmica. E, como bem pontua Ormaneze, mais condizente com o leitor típico da internet, que dificilmente permanece numa página por mais de alguns segundos, principalmente, se perceber que as informações estão repetidas.

“Essa é também uma estratégia a ser valorizada em função do uso de hiperlinks ou de postagens em redes sociais digitais. Em resumo, nesse tipo de construção, título, linha-fina e primeiro parágrafo trazem, de modo diluído, o que, no formato mais tradicional, comporia o lead clássico”, explica  Fabiano Ormaneze.

Acredito que o lead diluído não funcione para um release, por exemplo. Mas pode ser adotado muito bem em redes sociais, blogs, portais de notícias e também em textos com foco em comunicação interna. E, cá entre nós, para quem está acostumado a redigir textos no formato clássico do jornalismo, optar pelo lead diluído pode ser difícil no início. É preciso saber dosar bem a quantidade de informação que deve vir no título, sutiã e corpo do texto. Você é jornalista? Faça um teste com o lead diluído e depois me conta se deu certo!

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