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Morre o jornalista Alberto Dines aos 86 anos em São Paulo

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O fundador do Observatório da Imprensa, o jornalista Alberto Dines, morreu aos 86 anos às 7h15 terça-feira (22), em São Paulo. Criado na década de 1990, o Observatório é uma iniciativa que analisa a atuação da imprensa.

Dines morreu no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, Zona Sul da capital paulista, segundo nota do Observatório da Imprensa. Por decisão da família, o hospital não pode informar as causas da morte. Dines deixa mulher e quatro filhos.

“É com profunda tristeza que a equipe do Observatório da Imprensa comunica o falecimento de seu fundador, Alberto Dines (1932-2018), na manhã de hoje no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Estamos preparando uma edição especial sobre o legado do Mestre Dines a ser publicada em breve”, diz nota.

Vida e carreira

Alberto Dines nasceu no Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1932. Iniciou sua carreira no jornalismo em 1952 na revista “A Cena Muda” e, no ano seguinte, mudou-se para a revista “Visão” para cobrir assuntos ligados à vida artística, como teatro e cinema. Logo depois, passou a fazer reportagens sobre política.

Em 1957, ele trabalhou para a revista “Manchete”, até se demitir da empresa. Em 1959, assumiu a direção do segundo caderno do jornal “Última Hora”, de Samuel Wainer. Já em 1960, colaborou para o jornal “Tribuna da Imprensa”.

Em 1960, convidado por João Calmon, dirigiu o jornal “Diário da Noite”, dos “Diários Associados”, de Assis Chateaubriand. Já em 1962 tornou-se editor-chefe do “Jornal do Brasil”, no qual ficou por 12 anos. No jornal, ele coordenou uma grande reforma gráfica e criou novas seções.

Segundo Manuel do Nascimento Brito, diretor do “Jornal do Brasil”, com “a entrada de Dines, a reformulação do jornal foi afinal consolidada, pois ele sistematizou as modificações que levaram o JB a ocupar outra posição na imprensa brasileira”.

Desde 1963, Dines também era professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ele criou as disciplinas de Jornalismo Comparado e de Teoria da Imprensa.

Na promulgação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, durante a ditadura militar, coordenou a edição da primeira página que usou termos da previsão do tempo para narrar o momento político – “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos…” – como parte de uma estratégia para denunciar a censura imposta à redação a partir de então.

O Núcleo de Memória da PUC-RJ diz que, naquele ano, militares haviam ocupado as redações para fazer uma censura prévia. No JB revisaram as provas do jornal de Dines, mas a edição impressa era diferente da que havia sido aprovada – classificados estavam na primeira página e havia outras mudanças, para indicar ao leitor que algo estava errado. O jornal chegou a ser proibido de circular, mas voltou após assumir um compromisso de autocensura.

Em uma formatura de alunos da PUC, em 1968, Dines fez um discurso criticando a censura. Dois dias depois, ele foi chamado a depor na Polícia Federal e acabou preso por alguns dias.

Dines relembrou o caso mais tarde: “Era um protesto juvenil e veemente contra a censura, pela liberdade de expressão e pela democracia, porque uma coisa não existe sem a outra. E aí veio o ato, na sexta-feira antes da formatura. Eu teria que mudar o discurso, porque os censores entraram no jornal e ficaram na minha sala, vigiando.”

Outro episódio que marcou sua passagem pelo JB foi a cobertura do golpe que depôs o presidente chileno Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. A censura havia proibido a publicação de manchetes sobre o assunto, então Dines coordenou a edição de uma primeira página sem títulos, mas com um longo texto contando o que aconteceu no Chile. O jornalista foi demitido do JB naquele ano.

Ele também tem passagem pela “Folha de S.Paulo” e a Editora Abril.

Em 1994, fundou o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), junto com os professores Carlos Vogt e José Marques de Melo. O objetivo era criar um centro de pesquisa e acompanhamento crítico da mídia. A partir de 1999, o Labjor passou a oferecer um curso de pós-graduação de Jornalismo Científico.

Entre os principais livros publicados por Alberto Dines estão “Morte no Paraíso – A tragédia de Stefan Zweig”, “Diários Completos do Capitao Dreyfus”, “Por que não eu?”, “O papel do jornal e a profissão de jornalista” e “A imprensa em questão”.

Observatório da Imprensa

O Observatório é uma entidade civil, não-governamental, não-corporativa e não-partidária que acompanha o desempenho da mídia brasileira. Funciona como um fórum que permite debates diversos sobre coberturas jornalísticas.

Como site, nasceu em 1996, por iniciativa do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo) e projeto original do Labjor, da Unicamp.

Em maio de 1998, o Observatório da Imprensa ganhou uma versão televisiva, produzida pela TVE do Rio de Janeiro e TV Cultura de São Paulo, e transmitida semanalmente pela Rede Pública de Televisão.

Repercussão

No Twitter, o presidente Michel Temer lamentou a morte de Dines. “O jornalismo brasileiro perde um dos pilares da ética e do profissionalismo. Alberto Dines passou pelos mais importantes veículos do país e criou uma geração de jornalistas comprometidos com a correção da informação. Meus cumprimentos à família.”

Amigo de Dines, o jornalista Juca Kfouri lamentou a morte e disse que Dines “vinha sofrendo muito já faz tempo e sua morte interrompe dias que não lhe faziam justiça. É curioso. O descanso dele, pelo qual torci, não consola agora”.

O colunista do Globo, Bernardo Mello Franco, disse que Dines “driblou a censura e produziu a primeira página mais brilhante do “Jornal do Brasil”.

G1

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