O Ministério Público do Acre propôs à Justiça uma ação de improbidade administrativa contra Ilzamar e Elenira Mendes –respectivamente viúva e filha do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988.
Segundo a Promotoria, houve mau uso de R$ 685 mil repassados nos últimos três anos pelo governo do Acre em convênios com o ICM (Instituto Chico Mendes), entidade privada comandada por Elenira.
Apesar do nome, a ONG nada tem a ver com o órgão homônimo do governo federal. Sem fins lucrativos, a entidade possui projetos sociais e ambientais no Acre.
De acordo com a investigação do promotor Mariano Melo, a ONG não utilizou os recursos para os objetivos acertados com o governo, havendo desvio para outros fins, como pagamento de empregados.
Melo aponta que Davi Cunha, marido de Elenira e também alvo da ação, incluiu pessoas que não trabalhavam no instituto como funcionários.
Entre os empregados irregulares, afirmou o promotor, está Ilzamar Mendes. "Ela está recebendo desde que o ICM foi criado e não trabalha lá."
A denúncia sobre o caso partiu de Deusamar Mendes, irmã de Ilzamar, que havia sido demitida da ONG.
Segundo o promotor, "não dá para afirmar" que os suspeitos tenham se apropriado de dinheiro público, mas ele também não descarta a possibilidade. Na ação, a Promotoria pede que os três suspeitos sejam proibidos de firmar convênios com o poder público.
Outro lado
À Folha Elenira Mendes negou fraudes, mas admitiu a possibilidade de erro administrativo. "[O dinheiro] pode ter ido para outro objeto, mas sem desvirtuar dos objetivos de elevar os ideais do meu pai", disse.
Davi Cunha argumentou que a sogra trabalhou no ICM em um função de coordenação de pessoal. Segundo ele, Deusamar Mendes fez a denúncia para prejudicar a sobrinha.
Ilzamar Mendes disse que só vai comentar as acusações após ver a ação. Ela negou ter sido funcionária-fantasma.
Folha Online