O historiador, sindicalista e membro fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba, Eliézer Gomes, defende a união dos partidos de esquerda em torno da candidatura de Ricardo Coutinho (PSB) à prefeitura de João Pessoa. Em um texto encaminhado ao ParlamentoPB, ele argumenta que se perdurar a divisão do campo democrático e popular haverá uma “tragédia”: “Sem a unidade dos setores ora elencados, tendo Ricardo Coutinho encabeçando a chapa, provavelmente teremos um segundo turno disputado entre os representantes da direita x os representantes da extrema direita (leia-se fascismo)”.
Confira a íntegra do artigo de Eliézer Gomes:
Cisão das esquerdas em João Pessoa, uma tragédia política!
Eliezer Gomes*
O quadro exposto, de cisão brutal que verificamos hoje no seio dos setores progressistas e de esquerda, em João Pessoa, já, a “olho nu,” nos aponta uma gravidade sem precedentes em nossa história política local.
Evidentemente que já vimos por qui, em alguns outros momentos, algo parecido; sim, aqui e ali já aconteceram rachas, separações pontuais e outros “chega pra lá.” Ocorre que as conjunturas suportavam e permitiam que logo após as grandes e médias tempestades políticas, as retomadas, os recomeços e as reparações acontecessem trazendo de volta, para o seu devido lugar o equilíbrio, ingrediente indispensável à democracia.
Porém a cisão que ocorre hoje, em perdurando, aponta para uma autodestruição do nosso necessário e imprescindível campo democrático/popular, de esquerda e progressista. A união e a ação unitária desses segmentos, que me arrisco a dizer, se completam, são condições sine qua non para que possamos enfrentar de forma real, e derrotarmos o conservadorismo, a direita, a extrema direita, o neoliberalismo e o fascismo, que só crescem no Brasil e no mundo, mais fortemente a partir de 2013, no Brasil.
Enquanto que, aqui em nossa “província,” o referido campo encontra-se nesse dilema, as outras forças que citei estão mais do que juntas, apesar de transparecerem algumas diferenças, aqui e ali, porém, nada demais que possa tirá-las do foco principal que é a tentativa de destruição dos setores progressistas, da esquerda e da democracia.
A meu ver, do PT, do PSB e do PCdoB, locais, e somente só, deles, é esperado um maior senso de responsabilidade política e ideológica. Se dividirem e se digladiarem nesse momento, e da forma como está se dando a celeuma, poderão tornar-se protagonistas de um deserto político de longa e incalculável duração, com consequências inimagináveis que poderão ferir de morte, também por aqui, a nossa frágil e quase mórbida democracia.
Não há como negar a importância urgente de uma composição dos três partidos acima citados, em torno da candidatura de Ricardo Coutinho. E aqui não se trata de uma questão meramente pessoal.
Ricardo Coutinho, neste momento, consegue apresentar um maior acúmulo e, portanto, imensurável adesão, isto é fato! além de que com a unidade (na luta), das esquerdas, os setores progressistas e os adeptos da democracia se sentirão “atraídos” para o chamado movimento útil, e as eleições tomariam um outro rumo, com mais participação, qualidade e possibilidades de um não retrocesso.
Sem a unidade dos setores ora elencados, tendo Ricardo Coutinho encabeçando a chapa, provavelmente teremos um segundo turno disputado entre os representantes da direita x os representantes da extrema direita (leia-se fascismo). Seria uma tragédia política terrível.
*Historiador, Sindicalista e fundador do Partido dos Trabalhadores – PT, na Paraíba