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“Maternal” mostra que o cinema argentino feminino não se resume à Lucrécia Martel

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A personalidade feminina emblemática do cinema argentino se chama Lucrécia Martel. Com apenas cinco longas em sua filmografia, a cineasta construiu uma carreira autoral com filmes presentes nos festivais mais prestigiados do mundo.  Mas outras mulheres estão contribuindo criativamente para o cinema feminino realizado na Argentina. A diretora Maura Delpero é uma delas. Estreou no Brasil, na última quinta, 01, no streaming Petra Belas Artes à La Carte, o primeiro longa-metragem de ficção da diretora. Maternal (2019, 91min, 12 anos), uma produção ítalo-argentina, tem em sua equipe técnica uma presença significativa de mulheres nas mais diversas funções, além do elenco que, à parte a presença de um garoto, é cem por cento feminino. 

A presença da mulher no cinema como diretora nos remete ao chamado “Primeiro Cinema” em que o protagonismo feminino foi eclipsada nos seus primórdios. A pioneira é a francesa Alice Guy Blaché que decidiu fazer cinema, num universo predominantemente masculino, um ano depois de ter assistido os primeiros filmes dos irmãos Lumière com exibição pública pioneira em 28 de dezembro de 1895, no salão do Grand Café, em Paris. O documentário Alice Guy Blaché: A história não contada da primeira cineasta do mundo, dirigido por Pamela B. Green, traz à luz a ousadia de uma mulher “esquecida” pelo machismo dos que escreveram a história do cinema ao longo de décadas.

A argentina Maura Delpero realizou dois documentários de longa-metragem antes de enveredar pela ficção.  Neste Maternal, narra a história de duas adolescentes  Lu (Augustina Malale), mãe solteira da menina Nina (Isabella Cilia); de Fatima (Denise Carrizo), sua companheira de quarto e mãe do garoto Michael (Alan Rivas), e da irmã Paola (Lidiya Liberman), recém-chegada da Itália para contribuir para o trabalho de um abrigo em Buenos Aires administrado por freiras voluntárias.  Nessas três personagens, temos diferentes maneiras de mulheres encararem a maternidade. Lu, rebelde e problemática, não dedica muito tempo à Nina, priorizando o relacionamento com seu companheiro agressivo e as fugas do internato para encontrá-lo; Fatima, grávida, pela segunda vez, tem um relacionamento frio com seu filho, o amoroso Michael; e a irmã Paola, a religiosa passa a desenvolver um instinto maternal reprovado pelas guardiãs do internato.

Três conflitos movem essa história sobre três visões de mundo conflitantes sobre a maternidade. A narrativa tem início com a chegada da abnegada e bela noviça italiana Paola ao abrigo (Hogar, casa em castelhano, título original do filme) com o entusiasmo em cumprir seus votos, dedicando-se aos trabalhos do lugar. Sem interferir e nem julgar o comportamento irresponsável de Lu com suas fugas para encontros com o namorado, deixando a pequena Nina aos cuidados de Fatima, uma adolescente carente por uma família e em constante tensão com Lu. A irmã Paola desperta para o sentimento da maternidade e, ao quebrar seus votos, vai enfrentar a objeção das irmãs superioras. 

O contraste entre a vida casta das religiosas e o comportamento indisciplinado das adolescentes não chega a se configurar um conflito no enredo. As freiras permitem certas liberdades como festas dançantes entre as garotas para mantê-las presas ao lugar para receber cuidados e tentar aceitar a maternidade, dedicando atenção aos seus filhos. E, quem sabe, se voltar à prática cristã. Delpero se interessou pelo tema ao enfrentar dúvidas sobre o desejo da maternidade, tido como universalmente natural entre as mulheres. Descobriu que não é bem assim. A diretora criou uma narrativa essencialmente feminina, na temática e no tratamento sensível às suas personagens, todas femininas. Nenhum homem adulto é visto no filme.   

Delpero recebeu por Maternal mais de dez prêmios em sua carreira internacional, entre eles, o Prêmio FIPRESCI (Federação Internacional de Críticos de Cinema) no Festival de Mar del Plata, Argentina, além do Prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça.  Uma curiosidade é que a atriz Lidiya Liberman, a noviça Paola, viveu anteriormente uma freira, a irmã Benedetta, no filme Sangue do Meu Sangue (2015), dirigido pelo italiano Marco Bellocchio, que pode também ser conferido na plataforma do Belas Artes à La Carte. Criado em 2019, a plataforma integra o Belas Artes Grupo, que inclui também a Pandora Filmes e o Cine Petra Belas Artes, um dos mais tradicionais cinemas de rua de São Paulo.

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