O ex-senador Marconde Gadelha assumiu nesta sexta-feira (28) a presidência do Partido Socialista Cristão (PSC), por conta da prisão do presidente da legenda, Pastor Everaldo. A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (28) uma operação para afastar do cargo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A determinação, com prazo inicial de 180 dias, foi do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Benedito Gonçalves.
Gonçalves também ordenou o cumprimento de 17 mandados de prisão e 84 de busca e apreensão. Entre os alvos da ordem de prisão, estão o pastor Everaldo, presidente do PSC, e Lucas Tristão, ex-secretário do estado e braço-direito de Witzel.
Apontado como líder de um grupo criminoso com influência no Palácio Guanabara, o pastor Everaldo Dias Pereira não foi padrinho político apenas do governador afastado Wilson Witzel (PSC). Ele já apadrinhou o presidente da República e hoje desafeto, Jair Bolsonaro (Sem Partido), além do ex-governador Anthony Garotinho e da deputada petista Benedita da Silva.
Everaldo foi preso na manhã desta sexta-feira (28), ele é um dos alvos de operação deflagrada pela Polícia Federal que também determinou o afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).
Presidente do PSC —partido ao qual Bolsonaro foi filiado de 2016 a 2018— Pastor Everaldo foi um dos primeiros a incentivar a candidatura do então deputado à Presidência da República.
Foi Everaldo quem ministrou o “batismo” de Bolsonaro nas águas do Rio Jordão, em Israel. Celebrada em maio de 2016 durante a votação do impeachment da então presidente, Dilma Rousseff, a cerimônia simbólica sacramentou a trajetória de Bolsonaro à Presidência.
Segundo testemunhas da relação entre pastor e o hoje presidente, Everaldo estimulava a candidatura de Bolsonaro antes mesmo de sua filiação ao PSC. Integrante da Assembleia de Deus, Everaldo apresentou Bolsonaro a líderes evangélicos de quem é amigo. Entre eles, Silas Malafaia hoje um dos principais apoiadores do governo Bolsonaro. Na pré-campanha, conduziu Bolsonaro em viagens pelo Norte e Nordeste, organizando entrevistas em rádios locais.
Nascido em Acari, na Zona Norte do Rio, ex-feirante e ex-servente de pedreiro, Everaldo é acusado de instituir uma caixinha única no governo com a cobrança de pedágio no pagamento a fornecedores do Estado.
Segundo os investigadores, uma das suspeitas está em pagamentos em espécie, como o uso de dinheiro vivo na compra de um imóvel avaliado em R$ 2 milhões.
Na delação, o ex-secretário de Saúde Edmar Santos conta que Witzel deu R$ 15 mil nas mãos de Everaldo, segundo o delator, em uma tentativa de impedir que investigadores encontrassem o dinheiro.Segundo investigadores, Pastor Everaldo “age em sofisticada teia de relações que envolve muitas pessoas físicas e jurídicas”.