O Governo do Estado criou um Grupo de Gerenciamento de Crise, coordenado pela Secretaria de Cidadania e Administração Penitenciária, para investigar as causas de um incêndio no Pavilhão 3 do Presídio do Róger, em João Pessoa, que terminou na morte de cinco detentos. A informação foi dada hoje durante entrevista coletiva, pelo secretário da Cidadania e Administração Penitenciária, Roosevelt Vitta. Segundo o secretário, o número oficial de feridos é 40 que foram encaminhados ao Hospital de Emergência e Trauma, na capital.
Roosevelt Vitta acredita que o incêndio seria usado como forma de tirar o foco de uma tentativa de resgate de Jackson Pereira da Silva, que cumpre 18 anos de prisão. O detento foi transferido do Róger para o Presídio PB I, localizado em Jacarapé, ontem. O plano de resgate foi descoberto pelo serviço de inteligência do Sistema Penitenciário do Estado e abortado.
Por deteminação do governador José Maranhão, que pediu uma apuração rigorosa e com transparência dos fatos, Roosevelt Vitta informou que todas as providências no que se refere à assistência aos feridos e às famílias foram tomadas. Ele anunciou que o Grupo de Crise estará reunido até a próxima segunda-feira e o efetivo policial será dobrado.
Para iniciar o incêndio na manhã desta sexta-feira, os presos amarraram dois colchões na grade principal e atearam fogo. “Eu acredito que os detentos não queriam matar ninguém. Toda a nossa logística aponta que o protesto era para encobrir o resgate e saiu do controle”, disse o secretário. No momento do incêndio, 140 presos se encontravam no Pavilhão 3.
Informações do serviço de inteligência da Secretaria dão conta de que Jackson Pereira estaria comandando assaltos e até execuções de dentro do Presídio do Róger. O Sistema Penitenciário descobriu e solicitou, então, a transferência do detento para o PB I, que é um presídio de segurança máxima. Jackson, antes de ser levado, teria dados ordens a seus comandados dentro do Róger para que “encenassem” uma rebelião, o que tiraria o foco de resgate no PB I.
“Como o alvo era o PB I, nós fizemos uma operação especial naquela unidade e, até agora, está tudo dentro da normalidade”, destacou Roosevelt Vitta. Ele garantiu ainda que não foi registrada qualquer outra ocorrência em Campina Grande e Patos. “Nós não podemos considerar o caso do Róger sequer como rebelião, já que as rebeliões começam com batimento de cela e protestos em todos os pavilhões, o que não aconteceu”, informou Vitta. “Nem havia armas no local”. No Presídio do Róger, são 831 apenados em seis Pavilhões. O incêndio atingiu apenas um.
O secretário destacou o trabalho do agentes penitenciários, “que demonstraram firmeza, organização e competência”, o que evitou uma tragédia ainda maior. “Se não fosse a interferência imediata dos agentes penitenciários, poderia ter ocorrido fatos mais graves”, informou o secretário. Ele explicou que não houve interferência das polícias Civil e Militar na fase aguda da crise, as quais ficaram responsáveis pela contenção e prevenção externa; e que a intervenção foi feita pelos agentes, que derrubaram uma parede e arrombaram as celas para retirar os presos que se encontravam no Pavilhão 3 em meio ao fogo.
Ele confirmou que, após o esvaziamento do pavilhão, a PM – Gate e GOE – realizou uma revista minuciosa no Presídio do Róger, no final da manhã desta sexta-feira, e que todos os pavilhões foram desocupados para averiguar se existiu algum resquícío de que seria uma rebelião. Nada foi confirmado até o momento. Roosevelt Vitta afirmou que a segurança externa nos presídios está reforçada.
Já no Hospital de Trauma, foi destacado um efetivo de custódia para guardar os detentos feridos. “Para cada preso, tem dois PMs fazendo a custódia”. Uma ala do hospital foi preparado uma ala especial dentro da Unidade de Queimados para atender os feridos. “Estamos despreocupados porque o efetivo destaco é suficiente para qualquer tipo de intervenção”, disse. Ele concluiu a entrevista coletiva dizendo que o Governo do Estado está a disposição para prestar todo e qualquer esclarecimento necessário sobre o caso.