Numa das mais belas passagens bíblicas lemos um episódio no qual Jesus Cristo e seus discípulos atravessavam de barco o trajeto entre Jerusalém à Cafarnaum. A viagem transcorria tranqüila: sol claro, ventos calmos e águas serenas, de repente, sem que os discípulos pudessem prever, a calmaria deu lugar a uma tempestade; os ventos começaram a sopram em sentido contrário e as águas revoltas produziam grandes ondas violentas. O barco começou a naufragar, e o pânico tomou conta de todos. Apesar de tudo, nos conta a narrativa bíblica, Jesus dormia.
Esse tipo de experiência nos é muito familiar. Ninguém está imune a surpresas desagradáveis. Muitas pessoas já experimentaram na vida algum tipo de situação em que, de repente, tudo se transtorna. Do casamento às finanças, dos sentimentos às relações de amizade, da saúde às enfermidades, tudo é abalado pela força dos ventos hostis. A impressão que fica é de um terrível naufrágio; uma devassadora e cruel calamidade.
Geralmente, quando isso ocorre a primeira reação é de revolta. Quando uma tragédia bate à nossa porta, achamos que Deus está sendo injusto conosco. O fato é que nós nunca estamos preparados para as tempestades ameaçadoras. Imaginamos que somos imunes ao lado trágico da vida, o que é puro engano. Ninguém está isento de provações. Tentar imaginar-se inatingível pelas calamidades é, no mínino uma percepção muito romântica da vida.
Não é nada fácil quando nos damos conta de que pouco a pouco as esperanças vão sendo espalhadas pelos ventos. Nossas defesas, uma a uma, vão sendo destruídas também, e nossas forças com elas se vão. O casamento se desmorona, as finanças entram em colapso, somos abandonados até pela família. O pânico precipita a visão de um horizonte sombrio, e passamos a conviver com o fantasma da desilusão.
É preciso reagir positivamente. Não podemos abandonar o barco. É a reação positiva em meio às águas turvas que faz gerar a esperança da vitória. Deve ser a esperança de vitória! Todo vento forte também é passageiro. A Bíblia diz: “depois da tempestade, vem a bonança” (Lc. 8:22-25). Certamente que não é muito fácil agir com serenidade e firmeza quando tudo é ameaçador; todavia, quem não sabe manter a calma em meio às turbulências, não saberá jamais encontrar o caminho das águas tranqüilas, pelas quais se conhece a experiência da paz. Haverá sempre um porto seguro na rota dos oceanos; uma praia serena a nos esperar. Nosso barco, por mais que seja abalado, nunca estará totalmente a deriva.
No episódio bíblico quando os discípulos de Jesus começaram a perceber a ameaça do naufrágio, entenderam que o seu limite tinha chegado e, então, resolveram clamar pelo socorro do Mestre. Deus sempre está por perto nos momentos mais difíceis da nossa vida. Pedir por socorro é um atestado de humildade. Em muitas ocasiões a humildade de quem suplica é a chave da vitória.
Se, de repente, uma forte tempestade ameaçar a sua vida e a turbulência assolar a viagem que transcorria em paz, não entre em pânico. Não se desespere. Clame por Deus, a tempestade vai passar. Quando Ele está no controle do barco da nossa vida, não importa muito de onde vêem os ventos contrários, e nem qual é o tamanho das ondas violentas, Deus é mais forte que a força dos ventos e a fúria do mar. Deus sempre vence! Também, que o conhece torna-se um grande vencedor.