Cerca de 70 manifestantes foram para a porta do Palácio do Planalto na noite desta segunda-feira (1) protestar contra a permanência do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) no comando da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Com faixas, apitos e velas, eles fazem uma vigília e cobram da presidente Dilma Rousseff um posicionamento público em relação ao deputado.
"Dilma está calada, até agora não falou nada. A gente não vai parar até ele sair", diz o publicitário Lucas Valle, 22, munido de um cartaz com os dizeres "Dilma, mulher, mãe, guerreira, torturada, presidenta: manifeste-se".
Os manifestantes também entoaram gritos como: "O Dilma, qual é a sua? Quem é você para aceitar essa tortura?" e "Até o papa renunciou. Feliciano, sua hora já chegou".
Desde sua eleição para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Feliciano é alvo de protestos para deixar o posto por conta de declarações consideradas homofóbicas e racistas.
O manifesto durou pouco mais de meia hora e foi pacífico. A Polícia Militar, o Exército e seguranças do Palácio do Planalto acompanharam o protesto na frente da rampa do Planalto.
CRONOLOGIA
Entenda a polêmica sobre a presidência da Comissão de Direitos Humanos na Câmara
27.fev
Partidos dividem cargos nas comissões temáticas da Câmara. Após acordo, o PT abre mão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e o PSC fica com o direito de indicar o presidente.
4.mar
Cotado para a vaga, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) é alvo de protestos em redes sociais por ter opiniões consideradas homofóbicas e racistas por ativistas dos direitos humanos. O pastor reage e abre um abaixo-assinado em seu site para reunir apoio por sua indicação à comissão.
6.mar
Indicado pelo seu partido para a vaga, a reunião que o elegeria presidente da Comissão de Direitos Humanos é suspensa após manifestações e adiada em um dia.
7.mar
Em reunião fechada, sem os manifestantes, Feliciano é eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos com 11 votos dos 18 possíveis. Após bate-boca, representantes do PT, do PSOL e do PSB deixaram a reunião antes mesmo de a votação ser convocada.
9.mar
Manifestantes contrários à eleição do pastor para a presidência da comissão vão às ruas pedir a sua destituição do cargo. Só em São Paulo, ao menos 600 pessoas participaram do ato, de acordo com a Polícia Militar.
11.mar
O deputado é alvo de novo protesto, desta vez em Ribeirão Preto, cidade que abriga uma das principais filiais de sua igreja evangélica, a "Catedral do Avivamento". Manifestantes foram para a frente do templo pedir sua saída da comissão
13.mar
Folha revela que o deputado emprega no gabinete cinco pastores de sua igreja evangélica que recebem salários da Câmara sem cumprir expediente em Brasília nem em seu escritório político em Orlândia (cidade natal dele, no interior de São Paulo, a 365 km da capital).
13.mar
Na primeira sessão da Comissão de Direitos Humanos, Feliciano enfrenta protestos, bate-bocas e questionamentos. Em quase duas horas de sessão, marcada pela intervenção constante de movimentos sociais, o pastor pediu "humildes desculpas" e um "voto de confiança".
16.mar
Pelo segundo fim de semana seguido, manifestações pelo país pela saída do pastor da presidência da comissão tomas as ruas. Em São Paulo, a passeata começou na avenida Paulista e terminou na praça Roosevelt (centro)
18.mar
Com o acirramento das críticas, Feliciano divulga em sua conta na rede social Twitter um vídeo que chama de "rituais macabros" os atos contra a sua indicação para o cargo
20.mar
Na segunda reunião da comissão sob o comando de Feliciano, a sessão é suspensa após novos protestos de movimentos sociais
21.mar
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pressiona para que Feliciano renuncie à presidência da Comissão e dá prazo até terça-feira (26) para uma solução
26.mar
O PSC decide manter Feliciano na presidência da comissão.
29.mar
Durante um culto num ginásio de Passos (348 km de BH), no sul de Minas Gerais, Feliciano afirma que a Comissão de Direitos Humanos era dominada pelo "Satanás" antes de sua chegada ao posto.
Folha Online