O presidente da Fundação José Sarney, o advogado José Carlos Sousa Silva, foi anunciado como o mais novo titular do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Maranhão, em escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sousa Silva também advoga para o grupo Mirante de comunicação, que controla rádios, televisão e o jornal de propriedade da família Sarney.
Seu nome, anunciado anteontem, foi escolhido entre três indicados ao gabinete da Presidência da República pelo Tribunal de Justiça do Maranhão. A decisão de Lula foi publicada no "Diário Oficial da União" da última quarta-feira.
Concorriam ao cargo Guilherme Zagalo, vice-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), e Magno Morais, que foi secretário-adjunto no governo de José Reinaldo Tavares. Ambos são militantes dos direitos humanos.
O novo jurista do TRE-MA fica no cargo por dois anos, podendo ser reconduzido para outro biênio. O pagamento é de R$ 663,33 por seção. Por mês, são cerca de oito seções, número que pode dobrar em período eleitoral, segundo o tribunal.
Sousa Silva, 64, afirmou que sua ligação com a família Sarney não tem nenhuma influência sobre a nomeação. "Fui jurista do mesmo tribunal na época do presidente Figueiredo [1979-1985] e nos últimos dois anos estive como suplente. Não tem nada disso [indicação de Sarney]", afirmou.
A Folha procurou o gabinete do senador José Sarney (PMDB-AP), que disse por meio da assessoria que não comentaria a decisão.
O candidato derrotado Guilherme Zagalo, que disse ter entrado na disputa justamente para evitar uma nomeação dirigida, criticou o processo. "Pode ser aperfeiçoado [a forma de escolha] e não condiz com a importância do cargo de juiz eleitoral, ainda que temporário. Pode haver direcionamento sim", afirmou.
O advogado escolhido disse que seu mandato na fundação termina em novembro. Na última terça-feira, o próprio Sarney confirmou a iminente extinção da instituição por falta de apoio financeiro após denúncias de desvio de verba.
Há na Assembleia do Estado, porém, um grupo pró-Sarney que trabalha por um projeto que manteria a fundação ativa, mantida com verba pública.
O deputado Francisco Gomes (DEM), líder do governo Roseana Sarney na Casa, declarou em plenário sua intenção de manter o projeto vivo. "Meu foco são as crianças que eram atendidas, a parte social. Sempre militei pelas pessoas daquele bairro", disse.
Folha Online