Ao participar neste domingo das eleições internas do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não se ilude mais quanto a resolver possíveis rachas estaduais para a disputa eleitoral de 2010. Segundo o presidente, nas últimas eleições, as questões locais prevaleceram sobre o projeto nacional porque "cada um olha para o seu umbigo".
O presidente assumiu a pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa) à sucessão presidencial como oficial e afirmou que vai trabalhar para evitar que ela saia prejudica com eventuais problemas regionais.
"Eu não tenho mais ilusão quando se trata de disputas locais, por mais que a gente oriente as pessoas de que deve prevalecer é o projeto nacional, normalmente, o que tem acontecido é que cada um olha para o seu umbigo e prevalece as questões dos Estados. O que é importante é que se houver divergências dentro da base aliada nos Estados, isso não seja impeditivo para a ministra Dilma", disse.
Nos bastidores, o presidente tenta evitar o lançamento de outra candidatura além da de Dilma. O governo tem demonstrado preocupações com a pré-candidatura deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Para o presidente, o nome majoritário do PT não deve fazer campanha para dois candidatos em palanques estaduais. Os petistas também enfrentam problemas com setores do PMDB em alguns Estados para selar a aliança –caso da Bahia, onde o ministro peemedebista Geddel Vieira (Integração) quer disputar o governo contra o petista Jaques Wagner, atual governador.
"É sempre difícil você imaginar que uma candidata vai num município fazer campanha em dois palanques diferentes. É sempre complicado, parece fácil colocar no papel, muito simples teorizar, mas na prática você não tem como fazer dois discursos pedindo voto para dois candidatos diferentes. Eu penso que as pessoas podem apoiar", afirmou.
Defensor da candidatura do ex-senador e ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra para comandar o PT nos próximos dois anos, o presidente Lula disse que o PT aprendeu com os erros, como no caso do mensalão.
"Muito maior, o PT está hoje muito maior, muito mais consolidado, mais calejado, muito mais senhor da situação. Não existe na história da humanidade, na história política do mundo, um partido que estando no poder não tenha cometido erros. Isso aconteceu no mundo inteiro e aconteceu no PT. O que nós precisamos é ter clareza que os erros cometidos devem servir de ensinamentos para que a gente não erre outra vez.
Na avaliação do presidente, o grande número de petistas disputando a presidência do partido mostra que o PT é democrático. Ao chegar para a votação, o presidente ainda brincou dizendo que o reduzido número de correligionários na sede do Diretório Nacional mostrava que o dia seria tranquilo. O presidente votou acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia, de Dilma, do chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e do atual presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
"Penso que a eleição no PT é sempre um momento de fortalecimento do partido. Acho que o fato de nós termos muitas chapas disputando, muitos candidatos a presidente, ao invés de ser o que alguns chamam de divisão do partido na verdade é uma demonstração da riqueza, da pluralidade do partido. Eu penso que a hora que terminar as eleições, o partido vai ter uma nova direção que coordenar a campanha que vai coordenar os trabalhos da companheira Dilma Rousseff", disse.
O presidente disse que, independente de quem saia vitorioso, o partido chega fortalecido ao pleito. "O PT esta hoje muito mais calejado, muito mais senhor da situação gerencial de uma cidade, de um Estado, de um país e, portanto, o PT chega nas eleições muito fortalecido", disse.
Folha Online