No governo de Dilma Rousseff, através da Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011, foi oficializado o “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra”. Desde então, 20 de novembro é feriado estadual no Rio de Janeiro, Mato Grosso, Alagoas, Amazonas, Amapá e Rio Grande do Sul e, em mais de mil cidades, feriado municipal. Mas, além das comemorações oficiais, é um dia para falar de memória, resistência e luta.
A data se refere ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo de Palmares, em Alagoas. Ele lutou para preservar o modo de vida dos africanos escravizados que conseguiam fugir da escravidão. Situação que se repete em várias áreas quilombolas até hoje pelo país.
“Dizer que o Brasil é uma democracia racial, não é verdade. Até hoje vivemos situações de racismo e discriminação. Por exemplo, o presidente eleito defende a ampliação do Centro de Lançamento de Alcântara no Maranhão, em detrimento da titulação definitiva da mais populosa área quilombola do país, no mesmo local, onde vivem 3.350 famílias de descendentes de escravos”, exemplifica o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Luiz Couto (PT).
Para Luiz Couto, pontos importantes devem ser abordados nesta data para reconhecer o papel dos descendentes africanos na constituição e na construção da sociedade brasileira.
“O racismo está representado em atitudes do cotidiano. Quando algo está ruim, se diz que ‘a coisa está preta’, a própria negação da negritude alisando o cabelo, a discriminação de quem pratica religiões de matriz africana como a umbanda e o candomblé. Por outro lado, os movimentos negros têm travado com persistência a luta iniciada por Zumbi, incentivando a conscientização e o debate profundo sobre todas essas questões”, avalia o deputado.
“Ainda temos outra triste realidade. O Brasil tem mais de 720 mil presos e 64 por cento são negros. Nas ruas, a juventude negra e pobre é a maior vítima de mortes violentas. O Atlas da Violência 2017 mostra que, de cada cem pessoas assassinadas no país, 71 são negras e jovens, e os negros brasileiros têm 23,5 % a mais de chances de serem assassinados do que brasileiros de outras raças”, lembra o presidente da CDHM.
Zumbi
Filho de africanos escravizados e nascido no Quilombo dos Palmares, Zumbi foi educado por um sacerdote e depois retornou ao local que nasceu. Lutou para que o quilombo não fosse destruído pelos colonizadores que consideravam um perigo aquela reunião de negros libertos. Em 1695, com 40 anos, Zumbi foi assassinado pelo capitão Furtado de Mendonça, a mando de Domingos Jorge Velho. Foi decapitado e sua cabeça levada para Recife onde ficou exposta em praça pública.
Pelé
“Mesmo com todas essas adversidades, estamos vivendo um momento de conscientização de fato, de uma ampla tomada de consciência e de recuperação da memória da negritude. Mesmo que muitas vezes grandes figuras não favoreçam e contribuam para essa conscientização. O próprio Pelé poderia ter sido um bom exemplo e passou longe dessa luta. Uma pena”, conclui Luiz Couto.