Lembram do caso das vacinas de adultos que foram aplicadas em crianças no município de Lucena? Pois é. O prefeito Léo Bandeira tentou jogar a culpa desse erro gravíssimo na técnica de enfermagem que aplicou os imunizantes em 49 crianças, mas não colou. O MPF decidiu processar o municipio de Lucena, o prefeito e também a servidora. Eles vão responder por dano moral coletivo porque foram descumpridos os protocolos da vacinação contra o novo coronavírus. O MPF pede R$ 1 milhão, que deverá ser pago, em caso de condenação, pelos três acionados: prefeito, municipio e a técnica de enfermagem.
Esse caso aconteceu em dezembro e pelo absurdo cometido em Lucena se tornou manchete em todo o país. Naquele momento, a vacinação contra crianças nem tinha começado ainda. Mesmo assim, com desconhecimento total do processo de imunização e suas regras, a servidora levou doses da Pfizer para dois assentamentos do Incra e lá aplicou a vacina nas crianças. Além disso, o imunizante estava vencido porque não foi respeitado também o protocolo de armazenamento.
Felizmente, as crianças que receberam doses três vezes superiores aquelas destinadas a elas não tiveram nenhum problema de saúde. Provavelmente porque o imunizante estava vencido. Elas, assim como os adultos que foram imunizados com as vacinas fora da validade precisaram ser imunizados de novo e toda a equipe de saúde de Lucena passou por um novo treinamento. Um retrabalho desnecessário que mobilizou tempo e empenho da Secretaria de Saude da Paraiba.
É claro que a técnica de enfermagem agiu de maneira absurda e com desconhecimento sobre um assunto tratado exaustivamente em todos os meios de comunicação, mas também impressiona o descaso da prefeitura de Lucena com o combate à pandemia. Depois que esse caso veio à tona, descobriu-se que um total de 1400 vacinas foram mal armazenadas e tiveram que ser descartadas.
O prefeito exonerou o secretário de Saúde, suspendeu a tecnica de enfermagem que aplicou as vacinas erradas, mas não pôde delegar a ninguém a responsabilidade maior que é dele como gestor do município. É absurdo que a prefeitura não tenha se preocupado em repassar às equipes de saúde a qualificação indispensavel para a imunização da população, que tenha deixado vacinas se perderem porque não se observou em que temperatura elas deveriam ser armazenadas e nem tenha percebido que o Ministério da Saúde sequer tinha autorizado a aplicação dos imunizantes em crianças em dezembro quando o país inteiro polemizava o assunto.
Na ação que foi divulgada pelo MPF nesta quinta-feira, está dito que o municipio de Lucena não demonstrou o interesse necessário para resolver o enorme problema que causou e que quase todos os esforços neste caso foram da Sec de Saúde do Estado.
Se toda a extensão da pandemia de coronavírus que causou a morte de mais de 10 mil paraibanos não é suficiente para sensibilizar o prefeito Léo Bandeira, só nos resta dizer que uma indenização de um milhão de reais ainda é muito pouco.