O comando nacional do PT vai ter que concentrar força na disputa regional no Rio de Janeiro para garantir palanque para a pré-candidata à Presidência a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). As divergências entre o governador Sérgio cabral (PMDB) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), preocupam os petistas e a direção da legenda terá que batalhar para evitar que um possível racha tire espaço da campanha da ministra.
O prefeito começou a negociar uma aliança com o PDT para dar fôlego a sua pré-candidatura e ser lançado oficialmente como o nome do PT na briga pelo Palácio das Laranjeiras com Cabral.
A aproximação de Lindberg com o PDT contraria a orientação do comando do partido para que os petistas evitem fechar alianças regionais que prejudiquem o nome do partido na corrida pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lindberg disse à Folha Online que a decisão sobre a candidatura ao governo do Rio será do Diretório Estadual e classificou como natural que vários nomes estejam na disputa. Segundo o prefeito, será uma "roubada" para Dilma subir no palanque de Cabral.
"Acho que vai ser bom para a Dilma [ter várias candidaturas], porque estar em um palanque único do Cabral aqui no Rio vai ser uma roubada, pois a aprovação do Cabral é 30%. A Dilma não pode ter um candidato só aqui no Rio. Isso é suicídio", afirmou.
Lindberg ressaltou que o PT do Rio vai optar pela candidatura própria ao governo e que sua intenção é lançar uma "frente popular" com partidos de esquerdas. "Estou mais animado do que nunca. Não vou abrir mão [da candidatura] de jeito nenhum. A hipótese de não ser candidato está inviabilizada", afirmou.
A ideia de Lindberg e do comando do PDT é criar uma chapa com partidos dissidentes para incomodar a tentativa de reeleição do governador do Rio. "A conversa existe, mas estamos muito cautelosos porque a primeira questão que tem que ser resolvida é interna do PT. Eles precisam se entender sobre lançar candidato ou não. O prefeito Lindberg é um bom nome, tem história política", disse o secretário geral do PDT, Manoel Dias.
Segundo Dias, o apoio de Lindberg também seria importante para o PDT ganhar mais espaço no cenário nacional. Nos bastidores, o prefeito de Nova Iguaçu estaria negociando com o PDT em troca do apoio a sua candidatura uma das vagas ao Senado na chapa do PT fluminense.
"Nesse momento estamos preocupados em dar musculatura e fortalecer a nossa representação na Câmara e no Senado, queremos, inclusive, dobrar a bancada de deputados federais. Agora, isso tudo é para o ano que vem. Estamos dando início às negociações", disse o dirigente pedetista.
Nas eleições municipais de 2008, a direção do PT não teve sucesso nas negociações e teve que contornar problemas pela independência do PT fluminense. Mesmo com os apelos do comando nacional para que os petistas apoiassem a candidatura do prefeito Rio, Eduardo Paes (PMDB), o partido lançou Alessandro Molon, que acabou derrotado no primeiro turno.