Uma polêmica intensa se formou nas redes sociais desde que Juliette Freire, advogada, maquiadora e agora notável influenciadora digital se manifestou publicamente contra a gestão do presidente Jair Bolsonaro no que diz respeito à pandemia de coronavírus. A ala que simpatiza com o capitão detonou a “sister” e parte dos moderados reclamou do pronunciamento político da celebridade.
Peço aqui desculpas ao amigo Mário Tourinho para discordar do pensamento dele sobre o assunto. Em recentíssimo artigo publicado aqui no ParlamentoPB, ele externa justamente essa postura de aconselhamento para que Juliette se mantenha neutra no campo político-ideológico para que se preserve, devido aos ataques de militantes bolsonaristas.
Sou também fã de Juliette. De seu bom humor, do amor à Paraíba, do orgulho que sente de sua trajetória humilde iniciada no Pedregal, em Campina Grande, e dos esforços todos até chegar a ser fenômeno nacional de popularidade. O que mais admiro é sua autenticidade. E, como vivemos em um mundo conectado, em que passado e presente estão expostos na internet, sabemos que Juliette atuou ativamente no movimento que tentava virar votos para Fernando Haddad na campanha de 2018 quando Bolsonaro era o favorito. Nossa ídola foi às ruas chamar quem passava para tomar um cafezinho e tentar convencer os simpatizantes do 17 a votarem no 13.
Diante disso, não esperava que Juliette fizesse cara de paisagem.
Não seria justo culpar Bolsonaro pelas mais de 500 mil mortes de brasileiros pela Covid-19. É impossível saber quantos de nós teriam morrido caso a política sanitária fosse outra. Mas, é inequívoco ver na postura desse homem uma irresponsabilidade criminosa. Um acinte até mesmo ao trabalho de nosso conterrâneo Marcelo Queiroga que faz das tripas coração para que todos usem máscara. Enquanto isso, Bolsonaro desfila sem máscara, aglomera, encoraja seus admiradores a dispensarem a proteção e até retira a máscara de crianças.
Desculpe, Mário. Eu estou com Juliette. Ela tem todo direito de se manifestar. Eu também sinto muito que tenhamos enfrentado essa pandemia em meio a um governo negacionista. Bolsonaro, que agride gratuitamente jornalistas, mulheres e minorias, não me representa. Mas, não me surpreende. Jamais esperei algo diferente até porque ele não fez segredo de seus pensamentos discriminatórios.
Uma pena Juliette não ter encontrado você e mais paraibanos a tempo de chamá-los para um café.