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Jornalista mistura favas e passarinhos ao analisar cenário político brasileiro

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Em novo artigo publicado no ParlamentoPB, a jornalista Patrícia Albuquerque analisa o atual cenário político e administrativo brasileiro tendo como ponto central a rumorosa reunião ministerial conduzida pelo presidente Jair Bolsonaro e cujo vídeo vazou nesta sexta-feira, 23, graças a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello. “Entre favas e passarinhos” falta sobre quebra de decoro, grosserias, mortes por coronavírus e “escrúpulos” deixados de lado. Confira a íntegra:

Entre favas e passarinhos

No momento em que o Brasil ultrapassa a marca de 20 mil mortes, que a OMS aponta a América do Sul como novo epicentro do Covid-19, (sendo o Brasil o país mais afetado) e que o complexo penitenciário da Papuda tem mais de 800 infectados, o interino-permanente da pasta da saúde, Pazuello, nomeia como assessor especial um advogado criminalista. Há alguma prática criminosa a ser defendida ou acobertada? Já seria estranho um profissional dessa especialidade na pasta da saúde. Se ele já tiver sido advogado de milicianos, o descalabro é ainda maior. É o caso.

Covid-19 mata mais jovens no Brasil que em outros países (e nossos ‘forever young’ daqui se achando o último Magnum do freezer);

Há rumores de que o vírus pode penetrar em feridas (vamos fechar as perebas físicas com cimento – para as emocionais e psicológicas, só psicanálise e o tempo, mesmo);

O protocolo para o uso da famigerada cloroquina, que os antecessores da pasta, por amor à medicina, se negaram a assinar, mais parece um atestado de óbito a ser assinado previamente pelo próprio defunto. Falando nisso, sou do tempo em que a gente tinha que deixar claro se queria ser doador de órgãos. Agora, nesse novo normal, temos que, enquanto ainda gozamos de plena saúde, anunciar aos familiares se queremos ou não que administrem cloroquina. Quem quiser ir de cloroquina ou de tubaína, vá; no meu leito de morte, só autorizo cafeína. Meus amigos sabem que é meu pretinho básico.

O advogado Garigham Amarante Pinto é o nome do centrão para diretoria de Ações Educacionais do FNDE, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Não basta ter um retardado mental à frente do Ministério da Educação, tem que ter um queridinho do condenado no mensalão, Valdemar Costa Neto, à frente dessa autarquia que executa as políticas educacionais do Ministério da Educação. É muita cruz para pouca força. Valei-nos, Nossa Senhora dos Professores Sem barco, Sem porto, Sem rumo, Sem vela.
(Zeca Baleiro devidamente homenageado aqui; eternamente grata à minha amiga Francinha, que me apresentou à genialidade da poesia livre de Baleiro).

Decano do STF manda Procuradoria Geral da República avaliar pedido de perícia em celular de Bolsonaro e do porquinho Carlos (pérolas literárias é que não serão descobertas nesses aparelhos). Augusto Heleno já chiou! Diz que seria uma afronta. Afronta é toda e qualquer ação encampada pelo governo ao qual o senhor pertence, meu caro! E fique quieto que o senhor é do grupo de risco. Lá vamos nós ficar no colo de Augusto Aras, de novo. Desconfortável, esse colo. Aliás, pensando bem, depois desse parágrafo, vou repensar se ainda gosto desse nome, Augusto. Gostava, tanto! Tem origem no latim ‘Augustus’. Quer dizer ‘sagrado’, ‘extraordinário’, ‘consagrado’. Gostava, tanto! Agora, só a etimologia te salva, Augusto, pois a pele desses dois citados, não te honram.

Bolsonaro ameaça demitir ministro que não ceder cargos ao centrão. Aliás, alguém, por gentileza, me diz o quê, ou quem, faz parte desse centrão? Trata-se de um grupo informal composto por Republicanos, PL, PP, PSD, Solidariedade, PTB, Pros e Avante. DEM e MDB não querem ser epitetados como centrão. Juntos, esses partidos contabilizam 220 dos 513 deputados federais. Por que isso é importante? Porque Bolsonaro foi às compras. Ou, como se dizia em Recife: “Foi fazer Bompreço”; quem é recifense vai entender. Leia a próxima notícia.

A Câmara acumula 34 pedidos de impeachment em análise, a maioria sob a justificativa de crime de responsabilidade. A oposição soma 133 dos 513 deputados federais. Não é suficiente para aprovar uma denúncia. No plenário da Câmara são necessários, pelo menos, 342 votos a favor do impeachment para que o processo prossiga para o Senado Federal. O STF, em certa medida, faz seu dever de casa [inquéritos que investigam condutas de Bolsonaro]. O Congresso, por sua vez, parece ter esquecido sua função-mor e silenciou. Levou a sério a coisa da máscara. Ei, pessoal, máscara não é mordaça, não. Não pode silenciar. Nesse cenário, é violência silenciar. Sem maioria no Congresso, a oposição ressalta a importância de se intensificar a mobilização popular. Em tempos de isolamento social, como se vai para as ruas? O presidente se beneficia da pandemia, como se beneficiou da facada durante a campanha presidencial. Oh, bicho de sorte! Se ele ao menos entendesse que não tem a prerrogativa de imperador, mas o dever de servidor público, a sorte seria nossa.

Celso de Mello divulga parte do vídeo com a bendita reunião ministerial do dia 22 de abril. Parecia a casa da mãe Joana. Tadinha de Joana, nem a conheço, mas lá, na casa dela, entra cada figura sem fineza, sem estudo, sem cordialidade, sem decoro, sem noção de civilidade, que eu vou te contar… E eu que achei que balbúrdia era só nas Universidades Federais. Ledo engano. Um teatro do absurdo, essa reunião. Com o mesmo respeito que tenho a Joana, resgato aqui, respeitosamente, essa designação de um grupo de dramaturgos que, no início dos anos 60, focavam suas obras em questões existencialistas e buscavam entender e expressar o que ocorre quando a existência humana é tida como sem propósito, sem sentido. Sem sentido, sem propósito e sem existência humana, essa reunião. Profundo, esse Teatro do Absurdo. Quem não conhece, vale conhecer a obra do irlandês Samuel Beckett e do espanhol Fernando Arrabal, dois expoentes desse grupo que, se dependesse das nossas autoridades da pasta da cultura, queimariam em praça pública igual a Joana, não a dona da casa mal habitada, mas D’arc, a heroína francesa.

“Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência.” Essa frase foi dita em 1968 pelo então ministro do Trabalho e da Previdência Social, Jarbas Passarinho, o Passarinho-título desse texto. Era uma reunião sobre o AI-5. Seria reconfortante se a essência dessa frase histórica tivesse se perdido na poeira do tempo, voado pelos ares e não espelhasse, com tanta fidedignidade, a reunião “barracal” que aconteceu na casa oficial do povo brasileiro no dia 22 de abril e hoje, 22 de maio, sentou-se no nosso sofá, bem na hora do jantar.

Passarinho por passarinho, prefiro o de Mário Quintana, brilhante em seu “Poeminho do contra”:

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!

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