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Jornalismo em tempo de Guerra

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Parece surreal, como tantos episódios dos dias atuais. A jornalista Verônica Guerra foi suspensa por dois dias pelo Sistema Correio de Comunicação porque emitiu uma opinião sobre as oito mortes ocorridas em Barra de São Miguel de suspeitos de assalto e assassinato de um policial. O “erro” grave foi questionar a ação da polícia que exibiu os corpos dos mortos sobre uma caminhonete e amontoados seminus em uma Unidade de Pronto Atendimento. Verônica também se declarou chocada com a reação do povo que aplaudiu o cortejo com os cadáveres.

Irresignada com a reprimenda do Correio, Verônica preferiu pedir demissão.

São tempos tristes esses que vivemos em que um jornalista não pode emitir uma opinião. Antes do Correio se posicionar sobre o “caso”, entidades representativas da polícia já haviam divulgado uma nota crítica a Verônica. Nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais de maneira geral, ela foi tratada praticamente como inimiga pública.

É estarrecedor. Especialmente porque boa parte dos jornalistas pensa exatamente como Verônica. Eu, inclusive. Lamento que seres humanos se alegrem ao verem uma montanha de cadáveres. É desalentador que exponhamos defuntos quase sem roupa, uns por cima dos outros, sujos de sangue, como se fossem trofeus e batamos palmas diante desse cenário mórbido.

Vivemos uma época em que defender os direitos humanos – meus, seus e de todos os seres humanos, não apenas de bandidos – parece um crime gravíssimo.

A censura a Verônica é, na verdade, um sinal inconteste de que o jornalismo vive um momento de patrulha, de um monitoramento que nada tem de saudável. Discordar da jornalista é totalmente aceitável, mas puni-la por dar uma opinião é vexatório.

Do comentário de Verônica, só evitaria o termo chacina, apenas por achar que ele se aplica melhor a situações em que há um evidente desequilíbrio de forças, o que não se configurava no confronto entre bandidos que receberam a polícia à bala e os homens da lei. Mas, literalmente, a palavra designa uma série de mortes, o que efetivamente ocorreu.

Nessa realidade azeda do cotidiano da notícia, resta prestar solidariedade a Verônica e apertar os cintos nesse trem que nos leva a revisitar o passado. Não sei se a próxima parada será a Idade Média ou a Antiguidade, onde a Lei de Talião, “o olho por olho e dente por dente” era a regra basilar.

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