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Jornalismo e bom senso com comparações: esqueça o piano de cauda

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“Asteroide do tamanho de um piano de cauda atinge a Terra”. Esse foi o título escolhido por algum editor do site da revista Forbes para uma matéria publicada no dia 15 de março. Confesso: estranhei muito a comparação adotada pelo repórter para situar o leitor em relação à dimensão do asteroide.

Assinada por Jamie Carter, a matéria traz, logo no lead, outras informações que também não me ajudam muito a compreender a medida do asteroide: “Alguns diziam que era do tamanho de uma escada. Outros disseram que era mais da metade do tamanho de uma girafa”. Descubro no segundo parágrafo que o asteroide tinha “2 metros de largura”; ou seja, era “do tamanho de um piano de cauda” — objeto, aliás, que não está presente na maioria dos lares brasileiros, o que torna tal comparação mais do que esdrúxula. 

Achei tão absurda a comparação que fui ver como outros sites tinham veiculado a mesma informação. No UOL, o tema foi abordado no dia 16 de março, mas o título já trabalha com um elemento mais conhecido da maioria das pessoas. “Do tamanho de um carro: asteroide atinge a Terra duas horas após detecção”. No texto, a repórter Marcella Duarte informa que a rocha espacial tinha entre 2 m e 4 m de diâmetro. Sim, agora eu consigo visualizar melhor qual era o tamanho do asteroide.

O “Manual de Redação e Estilo” do jornal O Globo ensina que o bom senso é indispensável ao jornalista na hora de escrever algo que dê ao leitor a ideia de alguma coisa. E o uso de metáfora e comparação, por exemplo, é um dos artifícios para tal. 

Na matéria publicada no UOL sobre o asteroide, a jornalista Marcella Duarte volta a utilizar esse tipo de estratégia ao tratar da explosão gerada pelo asteroide no momento da colisão com a atmosfera terrestre. “Foram liberados de 2 a 3 quilotons de TNT — equivalente a dois pequenos mísseis nucleares tipo AIR-2 Genie. Para efeito comparativo, a bomba de Hiroshima liberou cerca de 15 quilotons de TNT”, diz o texto. 

A técnica da comparação, ou concretização, é sempre bem-vinda no jornalismo como forma de situar o leitor/ouvinte/telespectador e, principalmente quando o apelo dos números é irresistível (ou inevitável). A ideia é tornar mais compreensíveis as informações que envolvem tamanho, volume, medidas em geral. Quanto mais claro o texto, mais fácil se torna o entendimento da mensagem. 

O parâmetro, porém, precisa estar ao alcance do entendimento do público. Um grão de arroz, um garfo, um saco de cimento (de 50 kg no padrão atual, mas que deve passar para 25 kg), uma bicicleta, um carro… fazem parte do nosso imaginário. Por isso, ainda me causa estranheza a comparação entre um asteroide e um piano de cauda (publicada pela Forbes e depois, pasme, replicada em outros sites).

Segundo um site especializado nesse tipo de instrumento musical, “o piano de cauda é mais utilizado em concertos no geral e em teatros, não sendo comum encontrá-lo em casas e apartamentos, em razão do seu alto volume de som”. Em quantos imóveis no Brasil há um piano de cauda? Quantas pessoas sabem o que é um piano de cauda ou já viram algum de perto? 

A propósito: o modelo orquestral do piano de cauda (que é o mais caro e muito utilizado em espaços grandes, como teatros e salas de apresentação,) mede entre 2,28 m e 3 m e tem um peso médio de 480 kg — o que equivale a cerca de dez sacos de cimento, ou dez jornalistas com meu peso (para ser esdrúxula também…).  

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