Adriana Crisanto

Jornalista profissional (DRT/PB n. 1455/02-99). Especialista em Jornalismo Cultural, mestre em Serviço Social (C.Política) pela Universidade de Salamanca e Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com atuação na imprensa local.

Jornalismo Cultural – Tirando leite de pedra

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O jornalismo cultural sempre foi minha ferramenta preferida de argumentação escrita, talvez por unir duas áreas saborosas: jornalismo e cultura ou cultura e jornalismo. Cultura porque ela tem um poder de abrangência interminável e hoje ainda mais por estar aliada as novas tecnologias da arte contemporânea. Jornalismo porque ele nasceu arte, depois é que se fez fria e industrial no período pós-guerra.

O jornalismo de cultura ainda vive sobre a batuta do entretenimento. Frequentemente os colegas de profissão me perguntam sobre as abordagens da cultura feitas pelos segundos cadernos e hoje por meio da internet. Uma coisa é fato: O mercado de trabalho está em conflito e atualmente mais precarizado. No entanto, muitos possuem um desejo escondido de trabalhar com jornalismo cultural.

De uma coisa também é certa. É muito bom trabalhar com que se gosta e com que se sabe fazer. A má notícia é que nunca se esteve tão ruim quanto hoje. Redações minguadas, precarizadas, repórteres descontentes com o salário, sindicatos sem força, empresas de comunicação trabalhando sempre no vermelho, o marketing digital que tudo quer vender, tudo tem que empreender e a mania de coaching, essa moderna metodologia de desenvolvido para a vida pessoal e profissional das pessoas que utiliza as mesmas técnicas de comunicação e ferramentas profissionais com conhecimento diverso. E, como senão bastasse, ter que conviver perigosamente com as fake News e os comentários de redes socais. Em termos de jornalismo cultural televisivo esse nem se fala, se antes os minutos eram poucos agora menos ainda.

O que se tem a fazer é unir-se e criar uma consciência coletiva para mostrar o que temos de melhor e esse melhor ainda é nossa cultura. Outra notícia é que apesar não termos mais Ministério de Comunicação ainda temos, bom ou ruim, o da Cultura. Por outro lado, os consumidores de informação, ao que parece, estão dando conta de que tempo para lazer e trabalho precisam está muito bem definidos. Como exemplo temos os fadados programas de música que hoje aparecem na televisão, Só toca top, Superstar, The Voice e outros. Alguns deles não vale nem a pena perder tempo porque não vai agregar nada em suas vidas.

Um exemplo desta desagregação foi a cobertura do Oscar de 2019, transmitida pela emissora de televisão Rede Globo. A emissora juntou profissionais com pouco conhecimento especializado em cinema, que faziam comentários que nada interessavam ao conhecimento do telespectador. Mas, essa perda não foi só no Brasil, nos EUA, a cerimônia do Oscar também perdeu 20% de audiência.

Muitos me perguntam qual a saída? Acredito que uma boa pedida para quem quer se aprofundar no jornalismo cultural é procurar uma especialização na área, seja em jornalismo cultural ou cursos livres de história da arte, do cinema, música, sociologia da cultura. Fazer cursos ainda é uma saída para quem ainda sente pique em produzir e não deseja ficar no limbo, apenas “preenchendo formulários culturais”, pensando que está fazendo jornalismo cultural. E depois se jogar no mercado testar, tentar e ousar. Em João Pessoa, por exemplo, não se tem um site que promova coberturas de eventos, shows e atividades culturais. Quem não foi por algum motivo aquele show do Djavan ou Leila Pinheiro gostaria de saber o que aconteceu ou o que está acontecendo.

O jornalismo cultural ainda é uma especialidade de maior índice de leitura dentro das universidades brasileiras e no mundo, pois ao mesmo tempo que informa, descansa, relaxa e diverte. Sua base está alicerçada na produção cultural e hoje nunca foi tão grande e diversificada. Só em João Pessoa temos hoje quatro polos de lazer e cultura para o público. Portanto, razões para investir no que se deseja nunca terá idade. Vai lá… se joga!

 

 

Fotos: Copyright Victor Jucá

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