O presidente da ONG Caranguejo Uçá, Ivan Burity, denunciou uma série de irregularidades que teriam sido cometidas pela empresa australiana Pacific Hydro, estabelecida no município de Mataraca, onde produz energia eólica. Segundo ele, apesar de ter o propósito de gerar energia limpa, o empreendimento estaria fazendo um jogo sujo com o meio ambiente. Ele explicou que há fortes indícios de que a companhia tenha fraudado a licença ambiental que lhe permite o funcionamento: "A legislação diz que para se gerar energia acima de 10 megawatts, é preciso que se faça um relatório de impacto ambiental, que analisa todo o dano que o empreendimento possa causar. Prevê, inclusive, ressarcimento da comunidade por eventuais danos. A Pacific Hydro está gerando 40 megawatts, mas fracionou a licença em 10 pequenos lotes, para que não tivesse que usar o Rima. Ela usa um relatório simplificado, mas todas as 70 torres fornecem energia para a mesma estação", disse ele.
Ivan confirmou o que o deputado estadual Trocolli Júnior (PMDB) havia denunciado na Assembleia Legislativa na última terça-feira, 15. O presidente da ONG acrescentou que a empresa também cercou um trecho de 9 km de praia em Barra de Camaratuba: "A população tem que amargar uma cerca de oito fiadas de arame farpado em todos os 9 km de praia. A comunidade e os pescadores estão impedidos de ir à praia. A empresa não permite que as pessoas possam ir à praia, elas estão segregadas. Todas as autoridades tomaram conhecimento desse absurdo, mas até agora nada foi feito", disse.
O parque de energia eólica foi inaugurado em abril de 2008 pelo ex-governador Cássio Cunha Lima. A Pacific Hydro teve incentivos fiscais do Governo Estado e ações da Sudema, do DER e do Interpa e à época divulgou-se que foram investidos U$ 32 milhões na instalação dos parques de energia eólica "Vale dos Ventos" e "Millennium".