Cada vez mais isolado dentro de seu partido, o deputado Gabriel Chalita (PSB-SP) já deixou as malas praticamente prontas para se transferir para o PMDB do vice-presidente Michel Temer. O socialista decidiu que o maior partido da base de apoio à presidenta Dilma Rousseff será mesmo seu destino, caso se concretize a união ensaiada pela cúpula socialista e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).
Em meio à expectativa de que Kassab anuncie na próxima semana a criação de um novo partido que se fundiria com o PSB, Chalita teria chegado a estudar um convite do PTB, além de sondagens do PC do B e do DEM. Mas predominou a avaliação de que o vai-vém entre base aliada e oposição ao governo Dilma seria desgastante demais. Afilhado político do governador tucano Geraldo Alckmin, Chalita trocou o PSDB pelo PSB em 2009. A opção por uma sigla como o PTB, entretanto, o colocaria novamente no círculo de apoio ao tucano.
Nos bastidores, ganhou força nas últimas semanas a versão de que Kassab teria deixado claro que não aceita dividir espaço com Chalita no PSB paulistano. O deputado, entretanto, repete internamente que a questão central é a falta de coerência ideológica na aliança entre o PSB e o prefeito. Queixa-se ainda da falta de espaço que enfrentou no partido, para o qual migrou de olho em uma candidatura ao Senado 2010. Terminou na corrida para a Câmara dos Deputados, em uma chapa que lançou como candidato a governador o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também recém-chegado na legenda.
Caso se confirme sua transferência para o PMDB, Chalita começará a trabalhar desde já por espaço numa aliança com o PT para a eleição de 2012. Além de apostar as fichas na influência que Temer pode vir a ter nas negociações, o deputado tem forte apoio em uma ala minoritária do partido de Dilma, que fala até mesmo em lhe ceder a cabeça de chapa.
Ainda assim, a tese de ser coadjuvante na disputa pela maior cidade do País é tida como praticamente inviável no PT. A ideia tende a enfrentar resistência de grupos como o do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), que disputou a última eleição estadual, ou do círculo próximo à senadora Marta Suplicy (PT-SP). Ainda assim, restaria a Chalita a opção de ocupar o posto de vice em uma chapa liderada por um petista.
Especulação
Apesar do estágio avançado das conversas, os mais otimistas ainda dizem enxergar uma possibilidade de Chalita permanecer no PSB e assegurar seu espaço na legenda. Na visão de aliados, a saída para o deputado seria apresentar-se à cúpula do PSB como opção para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012, num cenário que traga o candidato derrotado à Presidência José Serra como nome do PSDB para a vaga.
A tese é a de que Alckmin atuaria nos bastidores em favor de Chalita, para evitar um fortalecimento político de Serra, com quem disputa internamente no PSDB. O cenário repetiria a estratégia que viabilizou a reeleição de Kassab como prefeito em 2008. Na época, Serra era governador e Alckmin lançou-se candidato à prefeitura paulistana. Kassab saiu vitorioso ao contar nos bastidores com a ajuda de Serra.
Chalita mantém a discrição nas conversas em que sua proximidade com Alckmin é assunto. Costuma repetir que ele e o governador são “amigos” e que a vida partidária é uma questão “à parte”. De qualquer forma, a ideia custa a atrair até mesmo apoiadores no grupo político de Alckmin. Por enquanto, a ordem no grupo do governador é evitar qualquer confronto direto com Serra. E, para o caso de o ex-presidenciável não se lançar na corrida municipal, a prioridade é trabalhar o nome do deputado estadual Bruno Covas (PSDB).
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