Integrantes do MST estão em deslocamento na BR 101 para João Pessoa. Eles participam da Marcha das Margaridas, que reúne trabalhadoras rurais, quilombolas, ribeirinhas, trabalhadoras da cidade e mulheres indígenas.
Uma equipe da PRF está acompanhando a caminhada dos manifestantes para evitar um acidente. Eles ocupam uma faixa e o acostamento da rodovia.
O MST também reivindica uma audiência com o governador João Azevêdo (PSB). Elas querem saber como ficarão as politicas públicas do estado, uma vez que os cortes federais afetam diretamente os estados.
Os militantes do MST ainda participarão do ato em Defesa da Educação, que acontecerá na tarde de hoje, em frente ao Lyceu Paraibano.
Marcha das Margaridas
Há 36 anos, em 12 de agosto, morria a paraibana Margarida Alves, trabalhadora rural e uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no Brasil. Assassinada por fazendeiros que a viam como ameaça aos seus interesses, Margarida é tão grande que sua morte não impediu o silenciamento de sua voz. Seu legado, hoje, inspira dezenas de milhares de mulheres: elas são as margaridas e vão ocupar Brasília em marcha nos dia 13 e 14.
Às trabalhadoras rurais se unem as quilombolas, ribeirinhas, trabalhadoras da cidade e mulheres indígenas, que desde 9 de agosto estão reunidas em Brasília na 1ª Marcha das Mulheres Indígenas. São esperadas mais de 100 mil manifestantes vindas de todos os estados do país e distrito federal.
“Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violências”, é o lema desta 6ª marcha em contraposição a um governo autoritário e anti-direitos e ao aumento da violência às mulheres. “Estamos vendo um alto índice de violência, desrespeito à Constituição e à democracia. A marcha tem um caráter de denúncia de todo esse retrocesso de direitos, ao mesmo tempo tem caráter de resistência, de pressão e de proposição, que é essa plataforma política que foi construída por milhares de mãos de mulheres dos quatro cantos deste país e será entregue à sociedade e ao mundo nos dias 13 e 14 de agosto”, explica Maria José Morais, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais Agricultoras Familiares, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e coordenadora geral da marcha.
Margaridas são as trabalhadoras do campo, floresta e das águas. A partir da marcha de 2007, as trabalhadoras rurais passaram a se chamar trabalhadoras do campo e da floresta. Em 2015, a denominação “mulheres das águas” foi incluída, para afirmar a diversidade das mulheres rurais, como agricultoras familiares, camponesas, sem-terra, acampadas, assentadas, assalariadas, trabalhadoras rurais, artesãs, extrativistas, quebradeiras de coco, seringueiras, pescadoras, ribeirinhas, quilombolas, indígenas e outras identidades construídas no País.
Entre as pautas políticas estão a valorização da sociobiodiversidade, o acesso aos bens comuns, o direito à terra e à produção de alimentos saudáveis, a denúncia à liberação desenfreada de agrotóxicos, a proteção da Amazônia e garantia dos direitos fundamentais. “A previdência social é um dos nossos dez eixos, o direito à saúde, ao SUS, direito à educação são centrais, estão na ordem do dia. A reforma da previdência é deforma, porque quando a gente reforma faz no sentido de melhorar e não de tirar direitos”, afirma a sindicalista.
Noeli Taborda, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), conta que a organização participa desde a primeira marcha, e que nesta edição atuou também junto à coordenação. O cenário de avanço das forças conservadoras, que reforçam a violência e o machismo frente à visibilidade do feminismo, ativou ainda mais a unidade das trabalhadoras do campo e da floresta. “Fez a gente refletir de que seria necessário nos somarmos à marcha pra junto com as trabalhadoras do campo e da floresta, levar um pouco a pauta das mulheres camponesas, no sentido do enfrentamento a todas as formas de violência, a defesa do ambiente da nossa mãe terra, da agroecologia, das sementes que para nós é modo de vida, projeto de sociedade, é a possibilidade de vida no planeta, considerando que esse modelo de agricultura vigente está destruindo o planeta, animais e biodiversidade”, revela a integrante do MMC.