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“Histórias Incomuns”, reúne quatro curtas indianos com narrativas surpreendentes

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Não há como não fazer uma menção a Relatos Selvagens (Damián Szifron, 2014), filme argentino que impactou o público com uma compilação de seis histórias violentas representando as idiossincrasias humanas e os nossos limites para uma boa convivência social, tendo como fio condutor o sentimento extremo de vingança. Histórias Incomuns, 2h22m, dirigido por Shashank Khaitan, Raj Mehta, Neeraj Ghaywan e Kayoze Irani, e lançado ano este ano, reúne quatro histórias sem uma ligação aparente entre elas, mas que surpreendem pela boa narrativa. O filme está disponível na Netflix. 

O cinema indiano tem um marco que o coloca entre os pioneiros da cinematografia mundial. O primeiro longa-metragem realizado no país, Pundalik (de N. G Chitre e Dadasaheb), data de 1912, enquanto o primeiro longa do norte-americano D.W. Griffth, “o pai da linguagem cinematográfica”, é Judith of Bethulia de 1914, com 61 minutos de duração. O longa pioneiro indiano é a filmagem de uma peça de teatro encenada em Mumbai. Hoje a Índia tem um dos cinemas mais pujantes no mundo tanto em número de produções quanto de público. Para se ter uma ideia, a produção de Bollywood (uma referência a Bombaim, atual Mumbai) é de mais de mil longas-metragens por ano, ficando atrás da Nigéria (a Nollywood). 

Histórias Incomuns (Ajeeb Daastaans) reúne diretores que narram quatro histórias com temas díspares e desfechos inusitados. Uma característica marcante do cinema hindi é a valorização de aspectos da cultura local na sua temática: das questões sociais (décadas de 60 e 70) aos musicais e filmes de ação inspirados no modelo hollywoodiano de entretenimento, a partir dos anos 90, perpassam na cinematografia indiana costumes, crenças e identidades de um país multifacetado, o que cria um forte arrebatamento junto ao seu público cada vez mais fiel. 

Nessa antologia de curtas, dois deles abordam questões homoafetivas, um terceiro é sobre inveja e vingança e o último, na sequência, trata-se de um melodrama de amor. Cada história recebe um título: o primeiro curta, Amante (Majnu), com direção de Shashank Khaitan, conta a história de um casamento arranjado. Essa revelação se dá no primeiro diálogo do filme, na noite de núpcias do casal, quando Babloo (Jaideep Ahlawat), diz para Lipakshi (Fatima Sana Shaikh), sua esposa, que não espere nada dele porque ele ama outra pessoa. A partir daí, os dois não terão mais nenhum contato físico, o que leva Lipakshi à busca incessante pelo amor. A oportunidade aparece com a chegada de Raj (Armaan Ralhan), filho do motorista do aristocrata Babloo, recém-chegado d em Londres com uma excelente oferta de trabalho na área financeira. No entanto, decide ficar em Mumbai e trabalhar para Babloo. Com um viés social, Amante aborda a diferença de classes e sua violência através de um triângulo amoroso alimentado por uma vingança pessoal.

Por sua vez, Brinquedo (Khilauna), dirigido por Raj Mehta, tem o universo da gente pobre para narrar uma história extremamente trágica. A bela empregada doméstica Meenal (Nushhrratt Bharrucchha) e sua irmã Binny (Inayat Verma), uma menina, de aproximadamente sete anos, vivem as agruras da luta pela sobrevivência, já introduzida na cena inicial quando a eletricidade é cortada sem aviso prévio. Ela namora, às escondidas da comunidade, o jovem Sushil (Abhishek Banerjee). Trabalhando na casa de Abha, uma mulher que está tentando engravidar, Meenal é aconselhada por ela a procurar Vinod Agarwal (Maneesh Verma), o novo secretário da localidade e pedir ajuda para o problema de sua falta de energia elétrica. Dissimulada, Meenal termina por procura-lo para oferecer seus préstimos à família Agarwaal, cuja mulher está prestes a dar à luz. Na ausência da esposa, Vinod assedia Meenal exigindo favores sexuais em troca da ligação de sua eletricidade. Narrada de forma acronológica, vemos Sushil ser torturado numa delegacia para confessar um crime: o desparecimento do bebê dos Agarwal em plena festa na casa da família onde se encontravam Abba, Meenal e sua irmã Binny. 

A luta de classes é pano de fundo também para a terceira história dessa antologia Em Beijo Molhado (Geeli Pucchi), com direção de Neeraj Ghaywan, a operária Barthi (Konkona Sen Sharma) sonha, e se empenha, para deixar o trabalho braçal e ascender à função de operadora de dados na mesma fábrica que trabalha. Seu sonho é frustrado quando o posto é dado à bela Priya Sharma (Aditi Rao Hydari) que tem as “conexões certas”. Barthi vai saber depois que não conseguiu a função porque é uma Dalit, uma casta inferior. Amargurada, Barthi evita contato com Prya mas termina se envolvendo afetivamente com ela, que é casada e cujo marido deseja ardentemente um filho. Como as histórias anteriores, a narrativa desta história nos leva a um final surpreendente, embora sem o choque da violência.

Não falado (Ankahi), de Kayoze Irani, o quarto curta na sequência, suaviza na narrativa e no desfecho. Traz uma abordagem melodramática da relação de uma mulher, Natasha (Shefali Shah), casada com um Rohan (Tota Roy Chowdhury ) que não sabe lidar com a perda gradual da audição da filha Samaira (Sara Arjun ), uma adolescente que sofre com essa aparente indiferença do pai. A relação do casal vai se deteriorando e, nesse ínterim, Natasha se envolve com Kabir (Manav Kaul), um belo fotógrafo surdo-mudo. Os quatro curtas mantêm uma certa unidade na direção, o que imprime uma sensação de que são todos dirigidos pelo mesmo cineasta. Aquelas marcas autorais que o cinéfilo busca encontrar não são sentidas nessas narrativas. No entanto, Histórias Incomuns demonstram que o cinema híndi tem suas qualidades já demonstradas em outros filmes, a exemplo de Tigre Branco, e seu prestígio já extrapolou suas fronteiras e está conquistando o mundo.

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