Passamos grande parte da nossa existência nos impondo limites. Nos tornamos especialistas em racionamento: racionamos tempo, lazer, afeto, atenção, generosidade e muitos sentimentos saudáveis. Aliás, sentimentos bons andam muito escassos hoje em dia.
Nossa medida de amar é muito pequena, sobretudo, em relação as pessoas que vivem mais perto de nós e que nos são especiais, como: pais, filhos, irmãos, cônjuge e amigos. Até mesmo nosso amor próprio anda abaixo da média. Via de regra, somos portadores de uma baixa autoestima. Nos autodepreciamos com muita facilidade.
Nosso limite para com os erros e fraquezas dos outros anda quase a zero. Somos muito intolerantes. Qualquer motivo é justificativa para o rompimento de amizades e relacionamentos afetivos, inclusive laços familiares e o próprio casamento. A intolerância é o embrião de rupturas significativas. Ela desfaz laços sagrados e predispõe a existência ao sofrimento e a solidão.
Não apenas intolerantes, mas também estamos nos tornando menos solidários e generosos para com a dor dos outros. Insensíveis e indiferentes. Todos podemos ser melhores. Há muita coisa boa em nós que anda adormecida e precisa acordar e transbordar. O bem não conhece medidas; o mal, este sim, tem que ser extinto das prateleiras da alma.
Em tempos de crise até a fé é racionada. Facilmente nos tornamos reféns da incredulidade, atemorizados com os desafios que a vida nos impõe. A verdadeira fé não conhece limites. Ela não pode ser contida e supera nossas limitações humanas. Quem raciona a sua fé, ameaça a celebração das suas conquistas e superações.
É preciso viver sem impor cotas ao coração para que os sentimentos bons, a capacidade de amar e de fazer o bem, sejam potencializados em nós. Também, não podemos represar a força da fé, impedindo-a de realizar grandes milagres, mudando situações que nos parecia impossíveis de solução. “Tudo é possível ao que crê”, é o que nos ensina a sabedoria bíblica.
Viver sob limites, impondo para si cotas desnecessárias, aferindo a vida a partir de parâmetros mesquinhos, pode ser sinônimo de não viver. A nossa existência é um dom de Deus, é também nossa maior riqueza. Vive-la intensamente é uma questão de inteligência!