A sessão de hoje na Assembleia Legislativa da Paraíba foi marcada por muito bate-boca e confusão. Em meio a acusações feitas pelo líder do Governo, Hervázio Bezerra (PSB) sobre "tratoramento" e descumprimento do Regimento Interno por parte do deputado Arnaldo Monteiro (PSC) que presidia a sessão, a confusão ficou formada e os dois trocaram críticas. O socialista cobrava a inclusão de cinco projetos do Governo na pauta de hoje, mas ouviu de Arnaldo que a maioria não seria apreciada porque teria havido pedido de vista.
Mesmo assim, por unanimidade, foi aprovado o projeto do Governo que cria o programa Gol de Placa. O texto recebeu uma emenda do deputado Lindolfo Pires (DEM), prevendo a extinção de prêmio ao time terceiro colocado. Ao invés disso, o valor será rateado entre todas as equipes participantes.
O momento de maior tensão se deu quando Hervázio Bezerra pressionou pela inclusão em pauta do projeto que permite ao Detran da Paraíba a condição de registrar os veículos financiados, prerrogativa atualmente exercida pelos cartórios. Arnaldo Monteiro alegou que o texto não seria votado hoje por ter recebido pedido de vista.
Hervázio protestou e foi à tribuna argumentar o projeto precisaria ser apreciado hoje porque o prazo previsto em resolução do Conselho Nacional de Trânsito para que o Detran implantasse a mudança já expirou. Arnaldo discutiu com ele e cortou-lhe a palavra. O socialista chegou a dizer que seu colega poderia ser processado por crime de responsabilidade. O presidente da sessão ironizou e convidou-o a processá-lo.
– Peço respeito a vossa excelência – declarou Hervázio!
– Primeiro se respeita para depois ser respeitado – retrucou Arnaldo.
– É uma questão de ordem e vossa excelência não me deixa falar!
O microfone foi cortado.
Também indignado com a atitude de Arnaldo, João Henrique (DEM) pediu a palavra:
– Estamos entrando num estado de intolerância. Não é sequer razoável o que estamos vendo nesta Casa. Aqui está o primeiro vice-presidente, o segundo e não acho justo que isso ocorra, esse debate pouco recomendável para todos nós que nos coloca em situação de desequilíbrio perante a sociedade. Vossa excelência está presidindo os trabalhos, mas gostaria de pedir que ele [o primeiro vice-presidente] assumisse para evitar os conflitos porque entendo que vossa excelência para tomar determinadas atitudes não tem legitimidade – declarou João.
Arnaldo rebateu:
– Discordo. Qualquer deputado tem legitimidade de dirigir os trabalhos. Se estou aqui, é porque o primeiro vice-presidente me pediu.
Os deputados governistas, à exceção de Domiciano Cabral, se retiraram do plenário, prejudicando o quorum para as votações seguintes, que foram interrompidas.