O ex-deputado Gilvan Freire comentou hoje a entrevista coletiva concedida no início da semana pelo ex-governador José Maranhão (PMDB) para contestar as acusações de déficit financeiro de R$ 1,3 bilhão atribuidos a ele pela equipe econômica de Ricardo Coutinho (PSB). Para o advogado, a defesa de Maranhão foi feita de maneira tardia.
– Os número de Maranhão não convencem os aliados de Ricardo e vice-versa. Maranhão deveria ter feito o contraponto a Ricardo logo em seguida, quando o governador acusou-o de ter feito uma administração desastrada, desonesta e explicitou focos de corrupção. Desde então, Maranhão não havia falado nada. Ele é muito ponderado e quis aguardar para ter números. Deixou de fazer o contraponto político que não dependia de números, mas de você se defender de acusações de desonestidade. Ele deu uma resposta a uma parte do eleitorado que é comprometida com ele.
Gilvan também comentou a especulada e demorada nomeação do ex-governador paraibano para um cargo no governo de Dilma Rousseff (PT) e disse que o peemedebista não precisaria se desgastar em buscar de uma função que não reflete seu peso político.
– É extremamente desgastante Maranhão aceitar um cargo que não corresponde ao prestígio dele. Ele era senador e foi governador três vezes. Ele não se manifestou contra as denúncias feitas pelo governador Ricardo Coutinho e esses fatos chegaram ao cenário nacional e ao gabinete de Dilma Rousseff e de seus aliados próximos. Maranhão terminou com a imagem comprometida e isso criou uma dificuldade para Dilma nomear Maranhão. Mas, ele é rico e não precisa de emprego, ele não se apercebeu disso.
Em termos de eleições municipais, o ex-deputado garantiu que estará fora da vida política, mas previu que José Maranhão pode se "animar" a concorrer no próximo pleito:
– Acredito que José Maranhão pode se animar porque o partido é capaz de aglutinar a insatisfação da administração de Luciano Agra e de Ricardo Coutinho. Agra não é um animal político e, por isso, em João Pessoa vão considerar mais os efeitos de Ricardo Coutinho que dele. Se Ricardo estiver muito bem, ele fortalece Luciano, mas se ele não estiver bem, tira muita força de Luciano. Alguém na oposição terá que canalizar essa insatisfação e imagino a hipótese de Maranhão se animar para isso, se você considerar uma certa obsessão que Maranhão tem pelo poder. Não é uma crítica, mas uma comprovação. Mas, Maranhão entraria numa campanha com os mesmos problemas que levaram ele a perder a última eleição: ele não tem mais identidade com as novas gerações. Ele já está ressabiado e sabe que só desejar ser prefeito não resolve. A preço de hoje, Luciano Agra é o favorito porque sua administração é mais convincente.