O advogado e ex-deputado Gilvan Freire (PMDB) se esforçou para defender o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) da acusação de captação ilícia de recursos de campanha durante a participação dele ontem no programa Conexão Master, da TV Master. Presente ao estúdio também estava o deputado federal Rômulo Gouveia (PSDB), que tornou a tarefa mais árdua para Gilvan.
A discussão entre os dois começou quando Rômulo, segundo colocado nas eleições de Campina Grande, acusou o prefeito campinense de ter sido beneficiado por depósitos que teriam sido fragmentados a partir de um cheque emitido pela administração municipal em nome da Construtora Maranata, uma prestadora de serviço da prefeitura de Campina Grande. Segundo o deputado, o empresário Paulo Roberto Bezerra não teria chegado a sacar os valores constantes no cheque. Ao invés disso, teria pedido para que o caixa fizesse vários depósitos em nome de pessoas cujos nomes constavam em uma relação que estava em poder dele.
– O caixa disse que o tesoureiro chegou com a relação dos doadores. Vamos admitir que a Maranata pudesse depositar, pelo que ela declarou de Imposto de Renda, ela não tinha como fazer esse valor em doação. Essa é que é a verdade – declarou Rômulo.
– Essa é a versão politicamente dominante. Processualmente, é o seguinte: o cheque era devido à construtora, foi pago pelo serviço realizado – respondeu Gilvan.
– Não sei se foi realizado. Aí, tem outra dúvida. É preciso saber se o Centro de Saúde de São José da Mata foi realmente executado porque esse empresário é muito generoso. Ele não paga pessoal, não tem custo de material… é muito bonzinho para pegar todos os R$ 50 mil dele e doar de uma única vez, mesmo ilegalmente, de uma medição que ele recebeu – contra-argumentou Rômulo.
Gilvan comentou:
– Tecnicamente, um credor tinha um saldo da prefeitura, recebeu seu crédito, pegou o cheque que era dele…
– Ele não recebeu… – negou o deputado federal tucano.
– Tanto recebeu que o cheque era nominal. O cheque era crédito dele. Ele poderia dispor desse cheque para fazer o que bem quisesse. Se ele não podia fazer R$ 50 mil de doação, ele não iria fazer. Não há queixa de que ele não tenha prestado o serviço. Ele foi ao banco três vezes e o banco não tinha provisão. Na terceira vez, ele sacou o dinheiro – disse Gilvan.
– Não sacou. Ele mandou fazer depósitos. – emendou Rômulo.
– Outras pessoas apareceram e mandaram fazer depósitos na conta de campanha de Veneziano – narrou Gilvan.
– Não é isso que o juiz diz. Foi a mesma operação. Não tente confundir o telespectador. Leia a sentença – declarou o federal.
– O juiz acha o seguinte…
– O juiz não acha. Ele está baseado nas provas. Foi uma única operação. Foi o dinheiro da Saúde para a construtora Maranata que foi depositado na conta de campanha fracionado em vários nomes de doadores que não tinham lastro e foi provado com a quebra de sigilo bancário. – interrompeu o deputado.
Em outro momento do programa, Gilvan Freire admitiu que consta no processo a avaliação do juiz a respeito de uma probabilidade mínima de que o depósito não tenha sido feito a partir de recursos
– Foi feito um estudo matemático e disse que para que o recurso não tenha vindo do cheque a probabilidade seria mínima. O que ele disse? era a possibilidade de alguém tirar a megasena. Mas, alguém tira a megasena. Como prova para a condenação, tem que dizer que a probabilidade é zero.