Favorito à medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio-2020, Gabriel Medina terminou fora do pódio na estreia do surfe em Olimpíadas, na tarde desta terça-feira (27, madrugada no Brasil).
Na disputa pelo terceiro lugar, ele foi derrotado pelo australiano Owen Wright na praia de Tsurigasaki, na província de Chiba (a cerca de 100 km de Tóquio).
Medina era considerado favorito pela sua ótima temporada na WSL (World Surf League), com cinco finais em seis etapas e liderança disparada do ranking. No Japão, o brasileiro fazia uma boa competição até o fim das semifinais, quando levou a virada de Kanoa Igarashi nos minutos finais.
Em um aéreo, o japonês conseguiu a segunda maior nota da competição, 9.33, acabando com os sonhos do brasileiro. A melhor nota de Medina na bateria foi 8.43, e em todo o torneio, um 9 obtido nas quartas de final.
Entre a semi e a disputa pelo bronze, o surfista publicou uma mensagem no Instagram dizendo: “Dei meu melhor, é foda quando isso acontece, dá uma tristeza. Desculpa galera, valeu pela torcida!”.
Após a segunda derrota do dia, ele passou reto pela área em que jornalistas o esperavam para entrevista na saída da praia. À Globo, detentora de direitos de transmissão dos Jogos, ele fez uma reclamação vaga sobre as notas.
“É triste quando isso acontece. Muita gente mandou mensagem… É dificil passar o ano treinando, se esforçando, e chegar nisso. Mas minha parte fiz, estou amarradão, fiz o meu melhor e agora é continuar trabalhando. Têm coisas que não dá para entender, mas tinha que ser assim”, afirmou.
O surfista paulista de Maresias, bicampeão mundial (2014 e 2018), vinha chamando de sonho a conquista do ouro e dizia estar em seu melhor ano da carreira e também na vida pessoal.
A ida dele para o Japão foi cercada por uma polêmica envolvendo sua mulher, Yasmin Brunet, que não pôde acompanhá-lo na viagem como parte da comissão técnica, por causa das restrições impostas devido à pandemia do coronavírus.
Ele reclamou do COB (Comitê Olímpico do Brasil) em diversas declarações e disse ter se sentindo prejudicado. Na primeira entrevista no Japão, ainda lamentou, mas afirmou que a vida tinha que seguir em frente, que era adulto e já pagava as próprias contas, sabendo se virar.
“Ela é uma companheira que me deixa mais leve. É difícil quando acontece isso, é muito especial, é raro. Está refletindo no surfe, é meu melhor ano nas competições. Estou feliz dentro e fora da água. Estou aproveitando cada momento”, disse quando avançou para as quartas de final. “É um jeito diferente de viver, que eu tenho curtido bastante, e acho que é o que mais tem dado certo, na vida pessoal e na competição.”
Yasmin Brunet ecoou reclamações das redes sociais brasileiras de que a última nota recebida por Kanoa na semifinal foi injusta. Para ela, Medina foi “roubado na cara dura”.
Folha online